Moraes mantém validade do depoimento de Bolsonaro sobre suposta interferência na PF
Defesa de Moro questiona não notificação para participar da oitiva
Foto: Marcos Corrêa/PR
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu nesta quinta-feira (2) manter a validade do depoimento do presidente Jair Bolsonaro na investigação que apura uma suposta interferência política nas ações da Polícia Federal.
Após Bolsonaro prestar depoimento no Palácio do Planalto, a defesa do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, também investigado no caso, questionou a falta de notificação para participar da oitiva, onde fariam questionamentos ao presidente.
Em manifestação enviada ao STF, a Procuradoria-Geral da República manteve a validade do depoimento, tendo o parecer seguido por Moraes. De acordo com o ministro, não foram encontradas irregularidades no procedimento feito pela Polícia Federal.
"O Ministério Público Federal, titular da ação penal pública e destinatário da prova colhida, não vislumbrou qualquer irregularidade no procedimento adotado pela autoridade policial para a oitiva do Presidente da República nestes autos, de modo que o inconformismo manifestado, além de extemporâneo, não merece êxito", afirmou na decisão.
Bolsonaro foi questionado pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda, da Polícia Federal, e respondeu 13 perguntas. De acordo com ele, nenhuma interferência foi feita na PF, e a troca do diretor-geral, Maurício Valeixo, no último ano, se deu por "falta de interlocução".
A indicação do sucessor, Alexandre Ramagem, amigo da família de Bolsonaro, foi suspensa por Moraes. De acordo com o ministro, na época, a ação dava indícios de que o novo diretor-geral seria usado para interferir politicamente na corporação.
Já Bolsonaro afirma que “em meados de 2019 solicitou ao ex-ministro Sergio Moro a troca do diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Maurício Valeixo, em razão da falta de interlocução que havia entre o presidente da República e o diretor da Polícia Federal; que indicou o delegado Alexandre Ramagem em razão da sua competência e confiança construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante durante a campanha eleitoral de 2018".
Além disso, o presidente diz que Moro concordou com a indicação, contanto que Bolsonaro indicasse o ex-ministro à uma vaga no STF.