Moro não se lembra do conteúdo das mensagens e quer que site publique conteúdo na íntegra
Ministro afirmou que sairia do cargo caso houvesse a comprovação de irregularidades nas mensagens divulgadas pelo The Intercept
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro disse que não se lembra do conteúdo exato das mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato enquanto atuava como juiz federal em Curitiba, no Paraná, e falou que se tivesse com o aparelho celular poderia fazer a comparação para saber se o conteúdo que se tornou público foi adulterado. Moro participou nesta quarta-feira (19) de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e passou o dia respondendo a questionamentos referentes às reportagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, que trazem trechos de supostos diálogos entre Moro e procuradores da Lava Jato.
Assim como tem feito desde que assunto entrou em discussão, Moro não negou as conversas que reafirmou serem "normais", mas ponderou que podem ter ocorridos alterações totais ou parciais e criticou o "sensacionalismo" explicitado pelo "fatiamento" das publicações.
O senador Otto Alencar (BA), líder do PSD no Senado, foi sarcástico: "Não exijo muito da memória do Ministro Moro porque ele tem péssima memória". Também senador pela Bahia, Ângelo Coronel (PSD), falou que os arquivos podem ser recuperados pelo servidores do Telegram (aplicativo do qual as mensagens foram interceptadas). "Eu não quero o celular do Ministro Moro, eu quero o conteúdo das mensagens arquivadas no Telegram na Rússia", falou.
Sergio Moro disse que saiu do aplicativo em 2017 e não acredita que as mensagens estejam arquivadas na nuvem. O ex-juiz da Lava Jato insistiu que os site divulgue todo o conteúdo ao qual teve acesso. "Se for divulgar tudo sem adulteração, sem sensacionalismo, sem a construção de interpretações que não correspondem, minimamente, ao texto, vai poder se verificar de todo que a atuação foi absolutamente íntegra. Absolutamente convicto em relação a isso. Agora, a minha sugestão: cobrem do veículo, do site a apresentação integral de tudo", pediu.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) questionou se Moro poderia renunciar ou se afastar do cargo caso novos fatos venham a tona. "Eu não tenho nenhum apego pelo cargo em si. Apresente tudo. Vamos submeter isso, então, ao escrutínio público. E, se houver ali irregularidade da minha parte, eu saio, mas não houve", respondeu o ministro.