Moro revela que foi ingênuo ao acreditar em Bolsonaro e admite 'erro' ao ter aceitado ser ministro
Ex-juiz da Lava Jato também acusou Bolsonaro de usar governo para 'blindar' supostos crimes de Flávio
Foto: Reprodução/Agência Senado
O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou, em entrevista à VEJA, que ele foi ingênuo ao acreditar nas propostas do presidente Jair Bolsonaro e que ainda em 2019 pensou em deixar o cargo ao perceber que "não poderia confiar" no chefe do Executivo.
Moro também admitiu, pela primeira vez, que errou ao aceitar o convite de se tornar ministro da Justiça do governo. Segundo o ex-juiz, o motivo se dá pela sequência de boicotes à anticorrupção, do que envolve as movimentações financeiras suspeitas de Fabrício Queiroz e o filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). "É fácil concluir que eu errei. Sabedoria retrospectiva não vale", disse.
À VEJA, Moro ainda acusou o presidente Bolsonaro de ter usado o governo para "blindar" Flávio das acusações de peculato e lavagem de dinheiro por meio de supostas rachadinhas.
"Quando meus filhos fazem alguma coisa de errado, eu os corrijo, embora eles sejam bem mais novos e nunca tendo problemas semelhantes. Isso é uma virtude e é o papel do pai. O presidente da República, um estadista, tem que ter um papel na mesma linha. A Justiça demanda que o fato seja apurado e como consequências sejam extraídas. Se a consequência para uma condenação criminal, é isso que tem que acontecer. É uma questão de justiça, de mostrar para todo mundo que a lei se aplica a todos", argumentou.