Moro tirou sigilo de ação contra Lula uma hora após pedido de Dallagnol

Situação ocorreu em 2016, mas Moro afirma não reconhecer as mensagens

Por Da Redação
Ás

Moro tirou sigilo de ação contra Lula uma hora após pedido de Dallagnol

Foto: Reprodução

Após debaterem sobre levantar o sigilo de uma ação da Polícia Federal em que constava um relatório sobre o acervo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-juiz Sergio Moro despachou a ação sem o sigilo para o procurador Deltan Dallagnol. 

A discussão ocorreu em março de 2016, quando o ex-presidente era especulado para assumir o Ministério da Casa Civil no governo de Dilma Roussef. Dallagnol teria dito a Moro que temia que a nomeação impedisse a suspensão do sigilo, pois com isso Lula passaria a contar com foro privilegiado.  

Procurados para comentar sobre o assunto, em nota divulgada na última segunda-feira (1º), o ex-juiz reiterou não reconhecer a autenticidade das mensagens. 

No dia 11 de março de 2016, por volta das 16h, Moro disse a Dallagnol: "A PF [Polícia Federal] deve juntar relatório preliminar sobre os bens encontrados em depósito no Banco do Brasil. Creio que o melhor é levantar o sigilo dessa medida. Abri para manifestação de vocês [força-tarefa da Lava Jato], mas permanece o sigilo. Algum problema?".

Esse sigilo era referente a um pedido de busca e apreensão contra Lula. Em 4 de março, a PF encontrou na casa de Lula um termo que indicava o depósito de 23 caixas no Banco do Brasil. O material estava em um depósito desde 21 de janeiro de 2011. Nas caixas havia presentes recebidos por Lula ao longo dos seus dois mandatos. 

Entre o horário da mensagem e o despacho de Moro que suspende o sigilo, passaram-se uma hora e 25 minutos conforme cruzamento feito pelo UOL nas mensagens que constam nos autos do STF e o sistema da Justiça Federal do Paraná.

Pouco antes do despacho de Moro, Dallagnol enviou uma mensagem às 17h20 ao então ministro em que dizia temer que Lula tornasse ministro. A ida de Lula para o cargo foi anunciada em 16 de março, cinco dias depois. "Temos receio da nomeação de Lula sair na segunda [14 de março] e não podermos mais levantar o sigilo. Como a diligência está executada, pense só relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria o caso de dar publicidade logo nesse caso", dizia o texto.

Em seguida, Moro escreveu dizendo que já havia despachado para levantar o sigilo. Mas não vou liberar chave [para acesso ao processo no sistema eletrônico] por aqui para não me expor. Fica a responsabilidade de vocês [força-tarefa]." Moro disse ter receio de "novas polêmicas agora" e que isso tivesse impacto negativo. "Mas pode ser que não", ponderou.
Dallagnol então diz: "Vamos dar segunda, embora fosse necessária a decisão hoje para caso saia nomeação". 

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