Mudança na meta de inflação não deve mudar trajetória de queda na taxa de juros, diz especialista
Apesar do anunciado pelo CMN, as apostas são de que o primeiro corte da taxa Selic ocorra em agosto
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A decisão de manter o alvo da inflação de 3% em 2026 e adotar a meta contínua a partir de 2025 não deve alterar a trajetória de queda da taxa básica de juros da economia nacional. As apostas são de que, mesmo com o anunciado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o primeiro corte da taxa Selic aconteça em agosto. As informações são do portal R7.
A mudança anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, vai permitir que a autoridade monetária escolha um prazo determinado para perseguir a meta de inflação.
Na tentativa de impedir que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fure o teto da meta pelo terceiro ano consecutivo, o Copom (Comitê de Política Monetária) mantém, desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, esse é o maior patamar desde 2017.
No documento divulgado na última reunião, no dia 27 de junho, o BC deu os primeiros indícios de que a primeira queda dos juros em um ano pode ocorrer em agosto. "A continuação do processo deflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião", diz a ata.
De acordo com o diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, o sistema contínuo de metas de inflação já era esperado pelo mercado e não deve alterar as expectativas de corte dos juros. “O movimento de corte da Selic está mais relacionado com os dados a serem divulgados de inflação, nível de atividade econômica e todas as suas derivadas e, principalmente, se a expectativa futura para inflação estará convergindo para meta ou não”, explica.
A trajetória que está diretamente atrelada à redução dos preços leva em conta que a taxa Selic é a principal ferramenta da política monetária para determinar a inflação em uma economia. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.