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Mudanças climáticas provocadas por humanos foram as principais causas da seca que atingiu Amazônia em 2023, diz estudo

Ações humanas aumentou chance de seca em 30 vezes

Por Da Redação
Ás

Mudanças climáticas provocadas por humanos foram as principais causas da seca que atingiu Amazônia em 2023, diz estudo

Foto: Rafael Neddermeyer

Um estudo realizado pela World Weather Attribution (WWA), divulgado nesta quarta-feira (24), revelou que as mudanças climáticas causadas por seres humanos foram as principais causas da seca histórica que assolou a região da Amazônia em 2023.

O fenômeno natural El Niño, conhecido por trazer condições secas à região, teve uma influência consideravelmente menor no episódio, indica o estudo. 

Desde meados de 2023, a Bacia Amazônica passa por uma prolongada estiagem, causada pela falta de chuva e pelas altas temperaturas na região. Em alguns lugares, os rios atingiram seus níveis mais baixos em mais de um século. A seca também desencadeou o aumento de incêndios florestais e contribuiu para a poluição do ar devido à disseminação de fumaça.

O estudo aponta que a mudança climática está provocando uma diminuição na precipitação e um aumento nas temperaturas na Amazônia. Esses fatores tornaram a seca sem precedentes de 2023 30 vezes mais provável do que se apenas o El Niño estivesse atuando.

"Com cada fração de grau de aquecimento causado pela queima de combustíveis fósseis, o risco de seca na Amazônia continuará a aumentar, independentemente do El Niño" alerta Ben Clarke, pesquisador do Grantham Institute - Climate Change and the Environment, do Imperial College de Londres.

Os cientistas chegaram a essa conclusão a partir da análise do  impacto das mudanças climáticas na seca, usando dados meteorológicos e simulações de modelos. Eles compararam o clima atual, com cerca de 1,2°C de aquecimento global, com o clima mais frio pré-industrial, sem os impactos do ser humano, usando métodos revisados por especialistas.

O foco do estudo foi na Bacia Amazônica, analisando a seca de junho a novembro de 2023. A investigação teve a participação de universidades e agências meteorológicas no Brasil, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos.

Por fim, os especialistas ressaltam que em um cenário com temperaturas 1,2°C mais baixas em todo o mundo (ou seja, sem as alterações climáticas atribuíveis à atividade humana), a ocorrência da seca teria sido consideravelmente menos intensa.

Isso evidencia que as emissões de gases do efeito estufa provenientes da queima de petróleo, gás e carvão desempenharam um papel crucial na transformação desse fenômeno em um evento de proporções devastadoras.

“Nossas escolhas na batalha contra as mudanças climáticas permanecem as mesmas em 2024 - continuar destruindo vidas e meios de subsistência queimando combustíveis fósseis, ou garantir um futuro saudável e habitável substituindo-os rapidamente por energia limpa e renovável.” Declarou Friederike Otto, professor sênior em Ciência do Clima no Grantham Institute - Climate Change and the Environment, da Imperial College de Londres

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