Mulheres brasileiras com posições políticas distintas se reúnem em pautas sobre desigualdade salarial e segurança, revela estudo
Estudo realizado pelo Instituto Update revela que, independentemente de orientação política, 94% das mulheres defendem igualdade salariaL

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Embora haja distinções ideológicas, políticas e sociais, há pontos de convergência entre as mulheres brasileiras quando se trata sobre igualdade salarial, mais participação feminina na política, segurança pública e saúde. É o que revela um estudo inédito do Instituto Update.
A pesquisa "Mulheres em Diálogo" foi feita em parceria com a Ideia Big Data e teve a participação da cientista política Camila Rocha e da cientista social Esther Solano. Os dados foram publicados na última segunda-feira (24).
Ao total, foram entrevistadas 668 mulheres de 16 anos ou mais de várias regiões, classes sociais e orientações políticas entre 2023 e 2024.
Entre os assuntos que reúnem mulheres de distintos perfis, a igualdade salarial se ressalta como o maior consenso: 94% das mulheres concordam total ou parcialmente que homens e mulheres devem receber a mesma remuneração para cargos correspondentes, o que confirma a significância da equidade no mercado de trabalho como uma preocupação universal.
Discordância em temas morais e religiosos
A pesquisa indica separações significativas entre as mulheres em temas como feminismo, descriminalização do aborto e influência religiosa na política.
Entre as mulheres entrevistadas, 48% se identificam como feministas, já 43% rejeitam o rótulo. Existe maior aceitação entre jovens de 16 a 44 anos, com ensino médio ou superior e pertencentes às classes AB e C.
Já a grande parte das mulheres acima de 45 anos, evangélicas e de classe D/E recusa o feminismo, o que retrata uma divisão tanto geracional quanto ideológica.
A descriminalização do aborto é outro assunto que o apoio total foi limitado a 16%. Ao total, 61% das mulheres que se identificaram como progressistas no estudo são contrárias à legalização da prática.
Já as conservadoras, esse número é muito maior – chegando a 82%. E quando o recorte é somente para as mães nos dois grupos, a recusa aumenta para 85%.
O estudo ainda aborda assuntos como conservadorismo e prioridades entre diferentes gerações:
70% das mulheres acima de 60 anos e de classes D/E têm posturas mais conservadoras em temas como direitos LGBTQIAPN+ e composição familiar, já 20% a 30% das jovens de 16 a 24 anos e mulheres de esquerda compartilham essas visões.
30% das mulheres do Centro-Oeste e com escolaridade fundamental são contra a utilização de banheiros femininos por mulheres trans, já 65% das mulheres de ensino superior e de esquerda são favoráveis à pauta.
Jovens preferem o combate ao assédio no trabalho (50%) e políticas para empreendedoras (47%), já idosas salientam a prevenção à violência doméstica (60%) e a assistência social (55%).