Navio encalhado no Canal Suez pode piorar crise econômica global
O canal ser uma das principais artérias econômicas do mundo

Foto: Reprodução/ Getty Images via BBC
Desde terça-feira (23), a passagem pelo Canal de Suez, no Egito, uma das principais travessias marítimas do mundo para o transporte de mercadorias e matéria-prima, está bloqueada pelo navio Ever Given, que encalhou devido a uma falha técnica. Com isso, outros navios aguardam o desbloqueio para seguirem suas rotas.
No entanto, segundo o vice-presidente de produtos e operações da consultoria dinamarquesa Sea-Intelligence, à agência Reuters,, Niels Madsen, se o Canal de Suez permanecer encalhado por mais três ou cinco dias, poderá "ter ramificações globais muito sérias".
A possibilidade de piorar a crise econômica global, incluindo o Brasil, é em razão do canal ser uma das principais artérias econômicas do mundo, já que por ela passa mais de 12% do comércio mundial, segundo dados da autoridade do canal.
O seu valor está no fato de oferecer aos navios de carga uma rota entre a Ásia, o Oriente Médio e a Europa sem ter que contornar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.
Ou seja, o canal permite que os navios economize, quase 9 mil quilômetros em casa sentido, reduzindo a distância 43%, segundo o World Maritime Transport Council (WSC).
A fila de mais de 40 navios que aguardam cruzar o canal transportam alimentos básicos, desde grãos e cereais até os chamados produtos "secos" como cimento, e 24 navios-tanque, segundo dados da consultoria Lloyd's List Intelligence.
A Lloyd's List estima que o valor diário dos contêineres que transitam pelo canal é de US$ 9,5 bilhões (mais de R$ 53 bilhões), dos quais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28,2 bi) vão para o oeste e outros US$ 4,5 bilhões (R$ 25,4 bi) para o leste.
Em entrevista à BBC, o especialista em assuntos marítimos e professor de história da Universidade Campbell, da Carolina do Norte (EUA), Salvatore R. Mercogliano, afirmou que "A cada dia que fecha o canal, os navios porta-contêineres e petroleiros não entregam alimentos, combustíveis e produtos manufaturados para a Europa e nenhuma mercadoria é exportada da Europa para o Extremo Oriente".
Analistas ouvidos pela BBC News pontuam que o tempo será a chave para medir o tamanho do impacto ocasionado pelo encalhe.