Eleições

Nenhum governador deve emplacar sucessor, apontam pesquisas; confira cenários estaduais

O primeiro turno das eleições será disputado neste domingo (2)

Por Lara Curcino
Ás

Nenhum governador deve emplacar sucessor, apontam pesquisas; confira cenários estaduais

Foto: Reprodução

Neste domingo (2), será realizado o primeiro turno das eleições de 2022. Nos estados, a maior parte dos que devem ser eleitos, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, já está no comando de seus respectivos governos. 

Os levantamentos apontam ainda que nenhum governador deve emplacar um candidato apoiado por ele como seu sucessor. Ao todo, 16 gestores estaduais devem ser eleitos para mais um mandato e em oito unidades federativas o cenário deve ser de ruptura. No Ceará, as pesquisas são muito divergentes e em outros dois estados a disputa está muito acirrada. 

Confira todos os cenários:

Nordeste

Piauí: as pesquisas apontam para uma quebra da linhagem. Wellington Dias (PT) vinha de dois mandatos como governador e deixou a vice Regina Sousa (PT) no comando para disputar o Senado. O candidato dele, Rafael Fonteles (PT), tem 29% das intenções de voto, de acordo com último Ipec, contra 43% de Silvio Mendes (UB). O terceiro postulante aparece, Coronel Diego Melo (PL), aparece bem distante, com 3%. Na simulação do segundo turno, Mendes também ganha. 

Paraíba: deve ser reeleito o atual governador João Azevêdo (PSB), concretizando 16 anos do PSB no poder na Paraíba, depois de oito anos de gestão de Ricardo Coutinho (PSB). Pesquisa Ipec aponta o gestor estadual com 35%, contra 20% de Pedro Cunha Lima (PSDB), filho do ex-governador Cassio Cunha Lima (PSDB), cassado em 2009 por abuso de poder político e econômico. Correm um pouco atrás Veneziano Vital do Rêgo (MDB), com 15%, e Nilvan Ferreira (PL), com 14%. No segundo turno, Azevêdo ganharia dos três.  

Bahia: pesquisas Ipec, Datafolha e do Instituto Paraná mostram ACM Neto (UB) na liderança, com cerca de 50%, mas em ritmo de queda de cerca de 10pp. Jerônimo Rodrigues (PT), candidato do atual governador Rui Costa (PT), aparece com 35%, com crescimento de 20 pontos entre os primeiros estudos e os mais recentes. Terceiro colocado, João Roma (PL) mantém estabilidade abaixo dos 10%. No segundo turno, Neto aparece em primeiro lugar.

Sergipe: Ipec aponta que o candidato Valmir de Francisquinho (PL) deve quebrar linhagem da esquerda no poder, que vem desde 2007. Ele tem 38%, contra Rogério Carvalho (PT), com 20%. Em terceiro lugar aparece o candidato que o atual governador Belivaldo Chagas (PSD) tenta emplacar, Fábio Mitidieri (PSD), que tem 16%. Em segundo turno, Valmir ganha contra os dois. 

Ceará: pesquisas Real Time Big Data e Ipec mostram Capitão Wagner (UB) empatado na margem de erro com Elmano Freitas (PT), candidato do atual governador Camilo Santana (PT). Já o Ipespe mostra uma diferença de 9 pontos entre os dois. Outro estado gerido pela esquerda desde 2007, que pode passar o comando agora para a direita. Corre por fora o candidato Roberto Claudio (PDT). Ipespe mostra vitória do pedetista e de Wagner contra o petista no segundo turno. Real Time e Ipec mostram Elmano vencendo contra os dois. O PDT e o PT travam uma briga, que dividiu votos. Antes unidos, a legenda de Ciro Gomes e Cid Gomes decidiu lançar candidato próprio, o que deu força a Capitão Wagner. 

Alagoas: o governador em exercício Paulo Dantas (MDB) está à frente nas pesquisas recentes (Datasensus, Ibrape, Ipec), sempre com ao menos 10% de diferença para a segunda colocação, que varia entre empate dos candidatos Rodrigo Cunha (UB) e Fernando Collor (PTB) e uma vantagem de Cunha. O nome do petebista, ex-presidente e ex-governador, não teve força contra o candidato do seu antigo partido, MDB, ao qual era filiado quando governou Alagoas. Dantas também vence todas as simulações de segundo turno. Ele assumiu o cargo que ocupa em abril, no lugar do ex-governador Renan Calheiros Filho (MDB), que deixou o mandato para concorrer ao Senado. 

Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT) deve se manter no governo, segundo o Ipec. Contando com a margem de erro, ela flerta com a decisão no primeiro turno. Capitão Styvenson (Podemos) tem 20%. Fabio Dantas (Solidariedade) aparece com 15%. Os dois tentam a vaga no segundo turno. Na simulação do segundo dia de votação, no entanto, a petista leva a melhor contra os dois. 

Maranhão: pesquisa Ipec aponta Carlos Brandão (PSB) na liderança, com 41%. Ele é o governador em exercício, após saída de Flávio Dino (PSB) para concorrer ao Senado. Weverton Rocha (PDT) tem 20%, empatado dentro da margem de erro com Lahesio Bonfim (PSC). Brandão venceria contra os dois no segundo turno, agora apoiado pelo tradicional MDB maranhense de José Sarney. 

Pernambuco: o PSB tem tradição em Pernambuco e governa desde 2007 o estado, mas as pesquisas indicam uma ruptura. A deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) lidera a disputa, com 34%, segundo Ipec. A neta do ex-governador Miguel Arraes foi derrotada em 2020 no pleito à Prefeitura de Recife para João Campos (PSB), do partido do avô dela e legenda na qual ela passou maior parte da carreira política. Em segundo lugar, aparece Danilo Cabral (PSB), candidato do atual governador Paulo Câmara (PSB), com porcentagem similar, entre 9 e 15 pontos, a Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (UB) e Anderson Ferreira (PL). Nada definido para o segundo turno. Até Marília, que liderava com 40%, apresentou tendência de queda. Na simulação do segundo turno, no entanto, ela vence de todos. 

Sudeste

São Paulo: o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) saiu derrotado da disputa presidencial em 2018, mas pode assumir o governo paulista, já que lidera, com porcentagens entre 30% e 35%, todas as pesquisas de intenção de voto. O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece com 25% e Rodrigo Garcia (PSDB) com cerca de 20%. O tucano é o governador em exercício desde que João Doria (PSDB) deixou o Palácio dos Bandeirantes para disputar a Presidência, em tentativa fracassada depois que seu partido desistiu de lançar candidato para apoiar o MDB, com Simone Tebet. Em segundo turno, Haddad ganharia de Tarcísio e de Garcia. Já o sucessor de Doria ganharia do ex-ministro de Jair Bolsonaro. Além de estar no poder, Garcia aposta na tradição do PSDB em SP para ganhar uma vaga no segundo turno, já que o partido é eleito consecutivamente para o governo desde 1995, à época com Mário Covas. 

Rio de Janeiro: pesquisas Ipec, Datafolha e Genial Quaest apontam Cláudio Castro (PL) com porcentagens entre 35% e 40%, na liderança. Ele é o governador em exercício desde 2021, quando Wilson Witzel (PSC) foi afastado do cargo, após virar réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Marcelo Freixo (PSB) tem mostrado tendência de crescimento, se aproximando dos 30%. Rodrigo Neves (PDT) fica com menos de 10%. No segundo turno, no entanto, Freixo perderia para Neves e Castro. Já Castro ganharia de Neves. Destaque também para o lançamento candidatura de Witzel, que logo foi negada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Minas Gerais: o atual governador Romeu Zema (Novo) acena para o primeiro turno, contando com margem de erro do Ipec. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) tem cerca de 30%. Em terceiro lugar, já bem distante, Carlos Viana (PL) tem menos de 5%. No segundo turno venceria Zema, o primeiro governador do Brasil a ser eleito pelo partido Novo (deve seguir sendo o único nesta eleição). 

Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB), atual governador, aparece com mais de 50% no Ipec e flerta com reeleição no primeiro turno. Manato (PL) fica com cerca de 20%. Em possível segundo turno, Casagrande ganharia com folga. Com isso, alternância de poder entre o PSB e o MDB, desde 2003, deve continuar. O próprio Casagrande foi eleito em 2010, mas perdeu disputa seguinte para Paulo Hartung (MDB), que ficou oito anos no poder. Renato voltou em 2018, ano sem MDB no pleito, assim como agora. 

Centro-oeste

Mato Grosso: o governador Mauro Mendes (UB) deve levar eleição no primeiro turno, segundo Ipec, com cerca de 60%. Em segundo lugar, mas bem atrás, aparece a deputada estadual Márcia Pinheiro (PV), com 15%. O atual mandatário deve se reeleger com facilidade, assim como fez no primeiro turno das eleições de 2018, quando levou a disputa com 58% dos votos válidos. 

Mato Grosso do Sul: uma das disputas mais acirradas, com três candidatos com pontuações próximas. Segundo pesquisas Real Time Big Data e Ipec, o ex-governador André Puccinelli (MDB) aparece com 22%, seguido por Marquinhos Trad (PSD), com 19%. Ele aposta na tradição do sobrenome para ganhar força, já que é filho de Nelson Trad, ex-deputado federal, e irmão de Nelson Trad Filho (PSD), ex-prefeito de Campo Grande e Senador. Eduardo Riedel (PSDB), tem 17%. O tucano é o candidato apoiado pelo atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), que já cumpriu dois mandatos. Rose Modesto (UB) tem 16% e ainda corre por fora o Capitão Contar (PRTB), com 12%. Segundo turno não foi simulado.

Goiás: Ronaldo Caiado (UB) deve ser mais um governador reeleito. Nas pesquisas Serpes e Ipec, ele aparece como vencedor no primeiro turno e tem demonstrado tendência de crescimento. Gustavo Mendanha (Patriota) fica em segundo lugar, mas bem atrás, com 20%. Em terceiro, aparece Major Vitor Hugo (PL), com cerca de 10%. A direita tem tradição no governo de Goiás. Mesmo entre os candidatos, só é visto uma opção de esquerda na quarta posição, com desempenho quase inexpressivo: Wolmir Amado (PT), com cerca de 2%. 

Distrito Federal: Candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB) tem cerca de 40%, de acordo com o Ipec. Ele se aproximava de uma vitória no primeiro turno, mas apresentou tendência de queda. Leandro Grass (PV) é o segundo colocado e vai na direção oposta: saiu de menos de 10% para 16%. Leila do Vôlei (PDT) perdeu força e saiu da terceira para a quinta posição, empatada tecnicamente com Paulo Octávio (PSD) e Izalci (PSB), todos estes com menos de 10%. Na simulação do segundo turno, Ibaneis venceria por 54%, contra 29pp de Grass. 

Sul

Santa Catarina: outra disputa muito acirrada. O atual governador, Carlos Moisés (Republicanos) está empatado com Jorginho Mello (PL), com 20%, de acordo com o Ipec. Ambos conservadores, Moisés apresenta tendência de queda, enquanto Mello cresceu nas pesquisas. Esperidião Amin (PP) e Gean Loureiro (UB) não estão fora do páreo, com cerca de 15%. Em simulação de segundo turno, Mello ganha força. Ele venceria Moisés e Esperidião. Já o pepista e o atual mandatário aparecem empatados. 

Rio Grande do Sul: segundo Ipec, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) tem cerca de 40%, contra 25% de Onyx Lorenzoni (PL). Edegar Pretto (PT) é o candidato da esquerda melhor colocado, com 15%, e o único dos três que apresentou tendência de alta, com crescimento de 5%. Ainda assim, Leite venceria com folga Onyx e Pretto no levantamento do segundo turno. Já Onyx também venceria Pretto. Líder nas pesquisas, Leite deixou o Governo do Rio Grande do Sul para tentar viabilizar a candidatura à Presidência, o que não aconteceu, já que o ex-governador de São Paulo João Doria venceu as prévias. Ao final, o PSDB desistiu de lançar candidato e apoiou o MDB, com Simone Tebet. No lugar do tucano, assumiu o RS Ranolfo Vieira Júnior (PSDB). 

Paraná: Ratinho Júnior (PSD) aparece à frente no Ipec e deve ser reeleito ainda no primeiro turno, já que aparece com 55% das intenções de voto. O ex-governador Roberto Requião (PT) tenta levar a decisão para o dia 30 de outubro, mas pontua menos de 30%. Abaixo deles, aparece Gomyde (PDT), com inexpressivos 2%. 

Norte

Amapá: Clécio Luís (Solidariedade) aparece com 50% no Ipec, acenando para o primeiro turno. Jaime Nunes (PSD) tem 35%. Ele é o vice-governador na gestão atual de Waldez Goes (PDT), que se reelegeu em 2014 após não conseguir concluir mandato em 2010, por ter sido preso acusado de desvio de dinheiro público. Gilvam Borges (MDB), terceiro colocado, está bem distante, com 4%. No segundo turno entre Clécio e Nunes, o candidato do Solidariedade vence.  

Amazonas: atual governador Wilson Lima (UB) tem 35% das intenções de voto, segundo o Ipec e o Real Time Big Data, mas, com 26%, aparece Amazonino Mendes (Cidadania), ex-governador do Amazonas por três mandatos. A tendência, no entanto, tem sido de distanciamento, com mais folga para Lima. Eduardo Braga (MDB), também ex-governador, tem 15% e corre por fora. No segundo turno, Amazonino e Lima aparecem com 42% cada. 

Acre: Gladson Cameli (PP) deve se reeleger no primeiro turno, se forem confirmados os resultados do Ipec, que dão a ele 55% das intenções de voto. Jorge Viana (PT) tem 25%. A terceira colocada, Mara Rocha (MDB), aparece já bem distante, com 5%. No segundo turno, Cameli vence com folga Viana. O pepista representou uma quebra de poder ao ser eleito em 2018, já que, por 18 anos, o PT governou no Acre. Ele, inclusive, derrotou um petista nas últimas eleições, Marcus Alexandre, que tentava reeleição.

Tocantins: governador em exercício, Wanderlei Barbosa (Republicanos) lidera a disputa com 45%, segundo o Ipec. Ele demonstrou tendência de crescimento e flerta com a vitória no primeiro turno, já que Ronaldo Dimas (PL), segundo colocado, ficou estável abaixo dos 20%. Wanderlei assumiu a gestão estadual em 2022, no lugar de Marcelo de Carvalho Miranda (MDB), que teve o mandato cassado após ser preso por lavagem de dinheiro. Ele já tinha tido o mandato cassado em 2009, por abuso de poder. 

Pará: Helder Barbalho (MDB) deve ser reeleito no primeiro turno, com facilidade. No Ipec, ele aparece com mais de 70% das intenções de voto. Zequinha Marinho (PL) é o segundo colocado, bem atrás, com 16%. Helder tem sobrenome forte no estado, já que é filho do ex-governador Jader Barbalho, que governou em oito anos não consecutivos, e irmão de Jader Barbalho Filho, presidente do MDB paraense. 

Roraima: Antonio Denarium (PP) é o atual governador e aparece com 50% no Ipec. Ele flerta com a reeleição no primeiro turno, especialmente porque apresentou tendência de alta, enquanto a segunda colocada, Teresa Surita (MDB), está estável abaixo dos 40%. Na simulação do segundo turno, Surita cresce, passa dos 40%, mas o mandatário ainda venceria. Denarium, antes de assumir o mandato, foi nomeado comandante, em dezembro de 2018, da intervenção federal feita pelo então presidente Michel Temer (MDB) à gestão de Suely Campos (PP), que enfrentava uma crise sem precedentes e não pagava nenhum servidor desde setembro.

Rondônia: o Coronel Marcos Rocha (UB) deve assumir novo mandato, mas com reeleição apenas no segundo turno. Ele tem tido crescimento expressivo no Ipec, saindo de 30% para 38%. O desempenho de alta do segundo colocado, Marcos Rogério (PL), é ainda maior: de 13% para 27%. Léo Moraes (Podemos) corre por fora, alcançando 10%. Em segundo turno entre Rocha e Rogério, o atual governador levaria a disputa com quase 50%, contra menos de 40%. 

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