"Nenhuma força estrangeira manda na PF", afirma Dino após operação contra suspeitos de ligação com Hezbollah
Suspeitos planejavam atos de terrorismo no país, com foco em ataques a prédios da comunidade judaica
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quinta-feira (9), que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil". A alegação foi feita um dia após a PF realizar operação contra suspeitos de ligação com o grupo radical islâmico Hezbollah.
Dino ainda reforçou nas suas redes sociais, “Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar o resultado da investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”. Ele também expôs oito pontos sobre a operação de quarta-feira (8):
- O Brasil é um país soberano. A cooperação jurídica e policial existe de modo amplo, com países de diferentes matizes ideológicos, tendo por base os acordos internacionais.
- Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento;
- Quem faz análise da plausibilidade de indícios que constam de relatórios internacionais são os delegados da Polícia Federal, que submetem pedidos ao nosso Poder Judiciário;
- Os mandados cumpridos ontem, sobre possível caso de terrorismo, derivaram de decisões do Poder Judiciário do Brasil. Se indícios existem, é DEVER da Polícia Federal investigar, para CONFIRMAR OU NÃO as hipóteses investigativas;
- A conduta da Polícia Federal decorre exclusivamente das leis brasileiras, e nada tem a ver com conflitos internacionais. Não cabe à Polícia Federal analisar temas de política externa;
- As investigações da Polícia Federal começaram ANTES da deflagração das tragédias em curso na cena internacional;
- Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos;
- Quando legalmente oportuno, a Polícia Federal apresentará ao Poder Judiciário do Brasil os resultados da investigação técnica, isenta e com apoio em provas analisadas EXCLUSIVAMENTE pelas autoridades brasileiras”, completou o ministro.
O Hezbollah é uma organização política e paramilitar fundamentalista (xiita) islâmica com uma das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio. O grupo tem sua base principal na fronteira entre Líbano e Israel e pode se tornar uma ameaça imprevisível durante a guerra de Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza. Desde o início do conflito, Israel e Hezbollah têm trocado ataques menores. O armamento avançado do grupo e o apoio do Irã torna o Hezbollah uma ameaça maior do que outros grupos radicais, como o Hamas.