"Nenhuma ingerência", diz Lewandowski ao negar perseguição da PF a Bolsonaro e participantes do 8 de janeiro
Ministro destacou acusações como "bastante graves"
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, refutou as declarações de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (3), devido uma suposta perseguição e direcionamento de atos da Polícia Federal (PF) contra opositores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lewandowski destacou os assuntos com "bastante graves" as falas feitas pelos senadores Jorge Seif (PL-SC) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que relatam que a PF tem investigado e indiciado aliados de Bolsonaro a fim de atingir o ex-presidente Bolsonaro.
Durante uma audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, uma das falas dos senadores citados traz uma menção a uma suposta interferência de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no funcionamento da Polícia Federal. Os parlamentares não mencionaram explicitamente quem seria o magistrado.
Já Ricardo rebateu as falas e afirmou que a PF é uma instituição "republicana" e de "excelência". Ele ainda ressaltou que "é uma corporação independente, que não é de governo, é de Estado", e que participava de audiência no colegiado do Senado acompanhado dos diretores-gerais da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
"É uma instituição que trabalha totalmente de forma independente, autônoma, sem nenhuma ingerência. E, se não tem ingerência do ministro, obviamente menor ainda a ingerência de outros ministérios e do próprio presidente da República. Posso assegurar isto. E, como ex-ministro do Supremo e juiz há 34 anos, jamais admitiria um direcionamento da Polícia Federal", comentou o ministro.
"Um ministro não tem nenhuma ingerência"
No último dia 21, a Polícia Federal finalizou a investigação que deflagrou uma suposta tentativa de golpe de Estado no final de 2022. Foram indiciados 36 nomes, juntamente com o de Bolsonaro. Além disso, o ex-presidente é alvo de outras investigações e de indiciamentos da PF, como o caso das joias sauditas e da fraude em cartões de vacinação.
Ainda sobre a audiência, as falas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sem provas destacam que a Polícia Federal tem utilizado o "aparato público para perseguição política". Ele ainda relatou que um "pequeno grupo" da corporação foi "escolhido a dedo por um ministro do Supremo" para "perseguir não só Bolsonaro, mas parlamentares que fazem oposição ao atual governo".
Já o ministro da Justiça, durante as falas rebatidas, ressalta a importância e a "confiança" no trabalho da PF. "Pode ter certeza que os inquéritos, dirigidos, iniciados, desenvolvidos na Polícia Federal, são desenvolvidos com muita técnica, com muita sobriedade, sem nenhum parti pris [preconceito], sem nenhum viés político e são supervisionados pelo Ministério Público Federal e são sempre presididos por um juiz", disse.
"Um ministro não tem nenhuma ingerência. Eu não sei quem é o delegado sorteado para um inquérito, não quero saber como vai ser o resultado, porque isso é algo que a polícia tem absoluta autonomia", completou o ministro.
Para ele, o trabalho com Ministério da Justiça tem somente uma "ingerência" em relações as questões administrativas da PF, como decisões sobre medidas de segurança da Cúpula do G20 e da atuação dos agentes no combate às queimadas.