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Nordeste: 44% das cidades não têm nenhum sistema de drenagem fluvial

Informações fazem parte de um levantamento feito a pedido da CNN pela consultoria Go Associados

Por Da Redação
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Nordeste: 44% das cidades não têm nenhum sistema de drenagem fluvial

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Pesquisa aponta 44% dos municípios do Nordeste não têm nenhum sistema de drenagem fluvial, percentual bem inferior ao Sudeste do país, onde 89,8% têm algum sistema de drenagem, e ao Sul, com 92,9%. As informações fazem parte de um levantamento feito a pedido da CNN pela consultoria Go Associados, a partir dos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), referentes a 2021.

De acordo com a pesquisa, na região Norte, a situação é ainda pior do que no Nordeste: só 54,5% das cidades têm algum sistema de drenagem. Completando as regiões, no Centro-Oeste a cobertura é de 75,1%.

Luccas Saqueto, economista da Go Associados, explicou que "é como  se essas cidades fossem boxes de chuveiro sem ralo. Chove e não tem por onde a água escoar, não tem um sistema que funcione para tirar a água do asfalto rápido”.

O estudioso acrescenta que tragédias como a do Recife evidenciam um problema crônico de falta de planejamento urbano. “Recife é uma cidade toda cortada por rios, municípios do interior de São Paulo, como Franco Da Rocha, também. Mas essas cidades cresceram muito, se adensaram, mas sem planejamento, sem túneis e galerias fluviais para escoar a água das chuvas”, diz Saqueto.

Se levado em conta o percentual de municípios com sistema exclusivo de drenagem, que está presente apenas em 18% dos municípios nordestinos, contra uma média nacional de 54,7% das cidades brasileiras, a situação é ainda mais crítica.

“O sistema exclusivo é o mais efetivo porque não é dividido com a coleta de esgoto. É diferente do unitário, em que uma tubulação só é usada para as duas coisas. Mas só 54,7% das cidades têm o sistema exclusivo”, afirma estudo.

Ainda de acordo com o estudo, 67,6% das cidades não mapeiam áreas de risco e 2 milhões de domicílios no país correm risco de inundação.

Squeto ainda afirmou que os dados mostram que as tragédias recorrentes também são explicadas pela falta de investimentos em saneamento nas cidades. “Uma obra de drenagem é menos vistosa do que uma estrada ou creche, em que o político vai no local e faz uma inauguração da obra. Drenagem é um investimento que não traz muito capital político, um político não pode ir lá, cortar a tubulação para fazer uma divulgação, é menos vistoso, por isso há menos interesse”, disse o economista.

De acordo com o estudioso, o investimento em saneamento é de responsabilidade das prefeituras. Além da falta de visibilidade, outra questão que está na raiz do problema é o fato de não haver uma tarifa ligada especificamente à drenagem.

Vicente Santos, também economista da Go Associdos, afirma que os investimentos em drenagem somaram R$ 3,5 bilhões no Brasil em 2020, segundo os dados mais recentes do Snis.

O Ministério de Desenvolvimento Regional informou, através de nota, que foram investidos mais de R$ 2,6 bilhões em ações de prevenção de desastres no país desde 2019. Além disso, a pasta ressaltou que no início deste ano, foram repassados aos municípios em situação de emergência e calamidade pública cerca de R$ 416,2 milhões para ações de resposta.

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