Nordeste fecha bimestre com saldo negativo de vagas e aumento nos custos de produção, aponta pesquisa
Além do recuo, a pesquisa indica que o capital de giro também não foi satisfatório
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O Nordeste fechou o período de abril e maio de 2023 com saldo negativo de vagas, na categoria econômica das micro e pequenas indústrias. O Índice de Contratação e Demissão ficou em 86 pontos, em uma escala que varia de 0 a 200. Em comparação com o período anterior, fevereiro e março, houve uma queda de 12 pontos. Essa foi a região com a pontuação mais negativa, sendo a que menos abriu vagas (7%) e a segunda que mais fechou (21%); em primeiro lugar foi o Sul. Os dados são da 7ª rodada da pesquisa “Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria”, realizada pelo SIMPI/Datafolha.
“A instabilidade no mercado, a diminuição no poder de compra e o aumento no preço dos produtos provocaram um recuo na economia do País e, consequentemente, os empresários tiveram dificuldades em manter o quadro de funcionários”, explica Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi). De acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), a remuneração média no Nordeste, no primeiro trimestre de 2023, foi a menor (R$1.979), comparada à média do Brasil, que ficou e, R$2.880.
Além do recuo econômico, a pesquisa indica que o capital de giro também não foi satisfatória no Nordeste, sendo a mais prejudicada. Conforme os dados, 59% dos dirigentes afirmaram que o capital de giro “Não foi suficiente/Foi muito pouco”; 34% disseram que “Foi exatamente o que precisava”; e 8% concluíram que foi “Mais do que o suficiente”.
Apesar disso, foi a região que menos utilizou cheque especial, empréstimo PJ e empréstimo pessoal, em linhas de crédito.
Outra dificuldade percebida foi o Desempenho de parceiros da cadeia produtiva, que comprometeram o andamento da empresa. O Nordeste foi o mais afetado, sendo que 17% tiveram algum fornecedor que faliu ou entrou em recuperação judicial e 23% tiveram clientes empresariais que faliram ou entrou em recuperação judicial.
Os juros também foram responsáveis pela desaceleração nos índices: 91% dos empresários da região Nordeste estão sendo pouco (14%) ou muito prejudicados (77%), maior percentual do Brasil. “Estes resultados mostram a necessidade de políticas públicas. Por mais que haja uma expectativa geral sobre a redução de juros, essa é uma realidade um pouco longe ainda”, acrescenta Couri.
Apesar dos indicadores apontarem um cenário instável, é a região mais otimista com a Expectativa da situação econômica do País: 48% acreditam que o panorama irá melhorar e 24% acreditam que irá piorar.
O levantamento foi realizado pelo Datafolha, a pedido do Simpi, entre os dias 09 e 29 maio de 2023, e foram realizadas 712 entrevistas.