Nova crise? Aumento no número de imigrantes venezuelanos preocupa autoridades brasileiras

Desde 2020, mais de 8,5 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil-Peru-Bolívia pela cidade de Assis Brasil, no Acre. E a expectativa é de que esse número aumente ainda mais, graças ao endurecimento no controle das fronteiras do Chile e Peru. 

Com isso, o movimento imigratório passa a preocupar as autoridades brasileiras. O número crescente de imigrantes já sobrecarrega abrigos e desperta temores de uma nova “crise imigratória”, como visto no estado do Acre em 2013 e 2021.

O receio foi intensificado quando o Peru estabeleceu um decreto governamental que pretende expulsar estrangeiros ilegais a partir do próximo dia 28 de outubro. Além do país peruano, o Chile também anunciou medidas para coibir a prática da imigração ilegal, incluindo militarização das suas fronteiras.

Para a BBC News Brasil, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil, reconheceu a gravidade da situação do Acre e afirmou que "a América Latina e o Caribe enfrentam uma crise de deslocamento sem precedentes, tanto em sua complexidade quanto em sua escala".

Acre e Roraima são os mais atingidos

As autoridades do Acre já sentem os impactos do aumento imigratório no estado. Atualmente, o estado já possui três casas de passagem, onde os imigrantes podem tomar banho, comer, dormir e depois seguir viagem. Todas elas estão operando com capacidade próxima ao limite.

No entanto, a principal rota de entrada de venezuelanos continua sendo Roraima, estado que faz fronteira direto com a Venezuela. Por lá, o fluxo de imigrantes também aumentou este ano, com média mensal de cerca de 12 mil venezuelanos passando pelas cidades de Pacaraima e Boa Vista.

Autoridades do Acre e especialistas ouvidos pela BBC News Brasil esperam que o governo federal adote um programa similar para o Estado, adequado às necessidades e realidade local do Acre.