Nova pandemia pode ser causada por superbactérias em águas sem tratamento, alerta ONU
PNUMA recomenda um tratamento ideal de águas residuais e uso mais direcionado de antibióticos para travar a ameaça global
Foto: CDC
A exposição de pessoas à água contaminada por antibióticos pode multiplicar bactérias resistentes às medicações e gerar outra pandemia. É o que alerta um relatório do Programa Mundial do Meio Ambiente, Pnuma, sobre a ameaça de patógenos resistentes.
Somente em 2015, 34,8 bilhões de doses diárias de antibióticos foram consumidas, e até 90% desses medicamentos foram parar no meio ambiente como substâncias ativas, segundo o relatório. Considerando os 80% das águas residuais não tratadas no mundo, há risco de superbactérias desencadearem nova pandemia.
Outras razões são apontadas no relatório, como efluentes da fabricação de produtos farmacêuticos, resíduos de estabelecimentos de saúde, uso de antimicrobianos e o esterco na produção agrícola e os resíduos gerados pelo processamento de animais. Há ainda uma relação desta ameaça com as mudanças climáticas: a alta de temperaturas é associada a infecções resistentes a antimicrobianos.
Pelo relatório, uma eventual pandemia “com efeito catastrófico” pode ser causada pelo desenvolvimento e alastramento da resistência antimicrobiana. Para a chefe da Divisão Marinha e de Água Doce do Pnuma, Letícia Carvalho, os antibióticos e outras drogas salvam vidas, mas seu destino ambiental no curso das águas é importante.
O relatório recomenda um tratamento aprimorado de águas residuais e uso mais direcionado de antibióticos para travar a ameaça global. Muitas vezes, esses medicamentos são usados sem necessidade. Outras medidas incluem melhorar os dados e o monitoramento dos remédios antimicrobianos e a forma como eles são descartados, a governação ambiental e os planos de ação para limitar a liberação de antimicrobianos.