Novas mensagens revelam que coronel Elcio Franco sugeriu como mobilizar tropa para invasão em Brasília
Informações foram reveladas pela CNN nesta segunda-feira (8)
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O coronel Élcio Franco, ex-número dois do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil do Governo Bolsonaro, é mais um homem próximo do ex-presidente que aparece no centro das invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Mensagens de áudio que integram o inquérito da Polícia Federal (PF) contra o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foram divulgadas pela CNN nesta segunda-feira (8) e mostram que Franco não só sabia como também sugeriu como mobilizar 1.500 homens para o movimento.
Em uma conversa com o ex-major Ailton Barros, que está preso, Élcio expressou o temor do então comandante do Exército em ser responsabilizado por uma eventual tentativa de invasão. Nos diálogos, fica evidente que Ailton e seu grupo chegaram a considerar suplantar a autoridade do então comandante Freire Gomes, utilizando o Batalhão de Operações Especiais do Exército.
Essa documentação faz parte do inquérito que embasa a prisão de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e também a prisão de Ailton Barros, ex-major que circulava pela cúpula do Palácio do Planalto. Ailton e o coronel Elcio discutiram o golpe de Estado e a resistência do comandante do Exército da época, Freire Gomes, em aderir ao plano golpista.
Em um trecho, o coronel Elcio fala com Ailton: "Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo" - Virgílio era um comandante de um batalhão importante do Exército. Em seguida, Elcio começa a especular sobre o que o comandante do Exército poderia dizer para se defender.
"O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?".
Logo após, Elcio diz: "Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nuremberg desse jeito".
Em outro trecho, Ailton Barros diz a Franco: “[É preciso convencer] o general Pimentel. Esse alto comando de m… que não quer fazer as p…, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens.”