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Brasil

Número de crianças e adolescentes sem estudar cresce na pandemia, diz Unicef

Essa realidade atinge  9% das famílias brasileiras

Por Da Redação
Ás

Número de crianças e adolescentes sem estudar cresce na pandemia, diz Unicef

Foto: Agência Brasil

De acordo com uma pesquisa realizada pelo  Unicef e Ibope Inteligência, a crise provocada pela pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, deixou adolescentes entre 4 e 17 anos sem realizar qualquer atividade escolar. Segundo a pesquisa "Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes", essa realidade atinge  9% das famílias brasileiras com crianças e adolescentes.

Contudo, 91% dos lares com crianças ou adolescentes afirmam que elas têm realizado atividades escolares. Segundo a pesquisa, esse índice é maior para estudantes de escolas particulares e chega a 94% dos entrevistados. Já entre estudantes da rede pública de ensino, do ensino infantil ao médio, esse índice cai para 89%.

Segundo o chefe de Educação do Unicef no Brasil, Ítalo Dutra,  mesmo entre os que afirmam que os alunos têm mantido o vínculo escolar, a questão é a qualidade dessa relação. "A grande questão é entender a qualidade com que essa frequência de atividades tem sido realizada. Nesse momento de atividades remotas é importante manter o vínculo com a escola, e para mantê-lo, quanto mais frequência e mediação tiver, mais fácil de identificarmos os problemas", disse Dutra. 

O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 18 de julho e ouviu 1.516 pessoas por telefone. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo, e o nível de confiança é de 95%.

Rotina

De acordo com a pesquisa, o nível de frequência das atividades acadêmicas também mostra divergências significativas. Nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa, 63% dos estudantes receberam tarefas e atividades escolares diárias, enquanto 12% não receberam tarefa nenhuma e 6% somente em um dia da semana.

Tanto nas escolas públicas quanto nas escolas privadas, a comunicação com as famílias se manteve ativa. A pesquisa aponta que 68% afirmam ter recebido contatos da escola para informar progressos das crianças nas atividades (71% nas particulares e 65% nas públicas). Além disso, 48% afirmam que a escola entrou em contato para saber como estava a situação da casa e das crianças e dos adolescentes. Nesse caso, o contato foi maior para quem tem filhos em escolas públicas, 51%, versus particulares, 44%.

Alimentação

A pesquisa traz dados de como a pandemia tem afetado a segurança alimentar e nutricional de crianças e adolescentes. Segundo o levantamento, 31% das famílias com crianças e adolescentes passaram a consumir mais alimentos industrializados, tais como macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, alimentos enlatados, entre outros. Entre as famílias que não residem com crianças e adolescentes, esse aumento no consumo foi de 18%.


"A má nutrição tem impactos preocupantes no desenvolvimento das crianças, em especial nos primeiros anos de vida. Essa situação impacta prioritariamente as populações mais vulneráveis com efeitos a longo prazo. É fundamental atuar imediatamente para reverter esse cenário e garantir o acesso de meninas e meninos a uma alimentação adequada e saudável", afirma Cristina, chefe de Saúde do Unicef no Brasil.

A pesquisa aponta ainda que 55% dos entrevistados tiveram uma redução de renda drástica durante a pandemia. .Mais uma vez, os impactos foram maiores nas famílias com crianças e adolescentes, em que 63% viram sua renda diminuir.

A redução também está mais presente nas camadas mais pobres: 67% daqueles com renda familiar de até um salário mínimo tiveram queda de rendimentos, contra 36% daqueles com renda familiar de mais de 10 salários. O estudo revela, ainda, que 18% dos brasileiros deixaram de pagar alguma conta de luz, água ou gás na pandemia. O auxílio emergencial foi pedido por 46% dos brasileiros entrevistados. 
 

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