Número de jovens mortos por serial killer de Maceió pode chegar a 18
Investigação aponta autoria de outras 8 mortes, além das 10 de que já se tem provas
Foto: Agência Brasil
A Polícia Civil de Alagoas investiga mais mortes que podem ter ligação com o serial killer de Maceió, Albino Santos de Lima, de 42 anos. Ele já contou que cometeu oito homicídios, e a investigação achou provas de que outros dois assassinatos também foram cometidos por Albino, chegando a 10 mortes. Se as suspeitas da polícia serem confirmadas, esse número pode chegar a 18.
"Tecnicamente falando, a gente ainda tem oito casos, na verdade oito mortes, que ele pode ter envolvimento", contou a coordenadora da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Tacyane Ribeiro.
Albino foi detido no dia 17 de setembro em casa, no bairro da Ponta Grossa, no mesmo bairro onde cometia os assassinatos. Um exame balístico concluiu que 10 vítimas foram mortas por tiros disparados da arma apreendida com ele na hora da prisão.
Essas 10 mortes aconteceram entre outubro de 2023 e agosto de 2024 na mesma região, nos bairros Ponta Grossa e Vergel do Lago. Os outros 8 assassinatos, que ainda não confirmaram a autoria, aconteceram entre 2019 e 2020, em outra parte da cidade em que Albino residia na mesma época.
De acordo com a Polícia Civil, as suspeitas sobre Albino sobre as outras mortes, de inquéritos já arquivados, mas que serão reabertos para novas investigações, ganham força devido à forma de organização dos crimes no celular do réu: marcando no calendário a data de cada homicídio cometido.
"Ele tinha o padrão de marcar no calendário a data dos homicídios que ele praticava e nessa análise feita no aparelho telefônico dele, surgiram outros homicídios praticados na parte alta de Maceió nos anos de 2020 e 2019", contou a delegada.
Gostaria de ser um justiceiro
Albino disse que fez um trabalho grande de investigação até encontrar às vítimas e confessou os assassinatos alegando que elas eram envolvidas com uma facção criminosa, hipótese que já foi descartada pela polícia.
"Eu resolvi ser um justiceiro, um Charles Bronson [personagem do filme Desejo de Matar, de 1974], fazer um bem para a sociedade, um bem para a humanidade. Então, por livre e espontânea vontade, como eu sou um homem tático, tenho vários cursos, vários conhecimentos, fiz todo o planejamento", contou Albino ao depor.
O advogado que defende o suspeito, Geoberto de Luna, afirmou que tentará provar que seu cliente é um sociopata. "Por enquanto ele está sendo tratado como preso comum, mas vou tentar provar através de laudos que ele não tem capacidade mental, dessa forma, ele ser torna inimputável. A cabeça dele é de uma pessoa doente, de um sociopata. E esse vai ser o caminhar da minha defesa", declarou.
Se ele for considerado inimputável ele poderá receber tratamento em unidades de saúde, como os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), ou continuar com a família visto que, por resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os manicômios judiciários do país não podem mais receber presos.
As mortes dos 10 jovens que a polícia ligou ao serial killer aconteceram no período de quase um ano, nos bairros do Vergel do Lago e na Ponta Grossa, os dois na periferia da cidade. As vítimas tinham entre 13 e 25 anos.
Em depoimento, Albino Santos assumiu que controlava as vítimas por meio das redes sociais e declarou que todas faziam parte de uma facção criminosa, mas as investigações mostraram o contrário.
"Nós identificamos 10 vítimas e nenhuma delas tem envolvimento com facção criminosa. Dessas dez, três eram do sexo masculino e sete eram mulheres", completa a delegada Tacyane Ribeiro.