Número de mortes associadas ao Alzheimer mais que dobrou em 10 anos no Brasil
O total de óbitos entre os anos equivale a quase quatro mortes por hora
Foto: Daniel Mello/Agência Brasil
Diante do aumento acelerado da população idosa no Brasil, o número de mortes associadas à doença de Alzheimer mais do que dobrou no país em 10 anos, segundo mostra um documentário feito pelo Estadão com base em dados do portal DataSUS, do Ministério da Saúde.
Entre 2012 e 2022, o total de mortes associadas à doença cresceu 107%, passando de 15,6 mil para 32,4 mil, o que equivale a quase quatro mortes por hora. Desse total, 27,3 mil ocorreram por complicações do Alzheimer e as outras 5,1 mil estiveram relacionadas a outras doenças com demência.
As mortes com esse tipo de quadro de saúde costumam ocorrer nos casos mais agravados da doença. "Quando o Alzheimer chega a uma fase mais avançada, depois de 10 a 12 anos de evolução, leva ao imobilismo, à dificuldade de deglutição, condições que provocam complicações pulmonares, engasgos frequentes, vítreas. O Alzheimer em si não mata, mas são essas complicações causadas pela avanço da doença que acabam levando o paciente à morte", explica o neurologista do Núcleo de Excelência em Memória (Nemo) do Hospital Einstein, Ivan Okamoto.
A maioria das mortes observadas ocorrem a partir dos 80 anos, faixa etária que concentra os casos avançados da doença. Em 2022, 77,5% das vítimas tinham 80 anos ou mais de vida. Outros 18,4% dos mortos tinham entre 70 e 79 anos e, somente 4,1%, tinham abaixo de 70 anos.
De acordo com os especialistas, a alta de mortes associadas à doença são explicadas, em partes, pelo aumento da expectativa de vida no Brasil. Com a melhor das condições sanitárias, as mortes precoces por causas como doenças infecciosas e cardiovasculares diminuíram, o que permitiu que mais pessoas chegassem à terceira idade.