Número de transplantes realizados no Brasil tem queda de 61% durante pandemia

O Brasil realizou entre os meses de abril e junho deste ano, menos da metade dos transplantes de órgãos e tecidos do início do ano. Com a associação de 61% dos procedimentos, cresceram 44,5% como mortes de pacientes cadastrados na fila de espera entre os dois períodos. "Isso aconteceu de forma heterogênea, mas foi no Brasil inteiro. Foi uma queda inédita. Mesmo que a gente considera o que foi feito no primeiro trimestre, é uma perda grande", diz José Huygens Garcia, presidente da ABTO.

Esses números levaram a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes) a projetar no ano uma queda de doações e transplantes nunca vista antes (em contraste ao cenário promissor que se apresentava até então). Na conta, estão procedimentos de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim, córnea e medula. Na tentativa de minimizar os riscos para os profissionais, também caiu a busca ativa de doadores. 

O trabalho feito por comissões intra-hospitalares apresenta em unidades com mais de 80 leitos e responsáveis por viabilizar o diagnóstico de morte encefálica e oferecer ás famílias a possibilidade de doação. Outro efeito da pandemia foi uma configuração do ritmo de entrada de pacientes em fila de espera. No primeiro semestre, o número de novos cadastros foi 28,4% menor que o mesmo período de 2019.

De acordo com Huygens, houve uma menor procura dos serviços de saúde eletivos. Assim, menos indicações de transplantes. Mesmo com isso, uma lista de espera não deixou de crescer. Ao final de junho, mais de 40 mil pessoas aguardavam um órgão ou tecido, 3.000 a mais que no fim de 2019.