OMS destaca necessidade de novas vacinas monovalentes contra a Covid-19
Entidade aconselha a produção de novas vacinas feitas a partir de linhagens da XBB
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Ainda que a Emergência Sanitária Global de Covid-19 tenha sido suspensa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nota, nesta sexta-feira (7), para enfatizar a necessidade da imunização e da evolução das atuais vacinas.
Recentemente, a entidade divulgou um comunicado aconselhando a produção de novas vacinas contra Covid-19 feitas a partir de linhagens da XBB, a variante SARS-CoV-2 que se tornou predominante no mundo em maio deste ano, desbancando a ômicron.
Para o gestor médico do Butantan, Érique de Miranda, essa evidência reforça a importância da produção de novas vacinas monovalentes contra a Covid-19, sobretudo, se elas forem feitas a partir de plataformas que possam ser facilmente atualizadas, como as vacinas inativadas. Esse é o caso da ButanVac, que está em fase 2/3 de ensaios clínicos. O Instituto Butantan usa a mesma plataforma na produção da vacina Influenza, que é atualizada todos os anos, e na candidata à vacina contra a Covid-19.
“A OMS declarou que as vacinas monovalentes de variantes de preocupação permitem maior especificidade contra um determinado antígeno e maior quantidade desse antígeno em uma formulação, favorecendo assim a imunogenicidade”, afirma.
O médico ressalta ainda que o documento mostra que vacinas feitas com a linhagem XBB mostrarem-se mais eficazes no combate atual contra Covid-19 do que a vacina bivalente atual.
“A cepa que está em circulação no momento é a XBB. Nem mesmo a vacina bivalente, que aborda a cepa ancestral e a ômicron BA.4/5, é capaz de resultar em uma imunidade específica contra essa cepa. Portanto, é fundamental um fabricante nacional que possa produzir uma vacina com a atualização de cepa conforme as recomendações da OMS”, conclui.
A recomendação se deu após dados pré-clínicos compartilhados pelos fabricantes indicarem que a vacinação com imunizantes contendo linhagens da variante se mostraram capazes de proteger mais contra as atuais cepas em circulação do que os imunizantes já disponíveis, inclusive a vacina bivalente, que contém apenas o vírus original (Wuhan) e ômicron – que não estão mais em circulação.
“Os dados pré-clínicos compartilhados confidencialmente pelos fabricantes de vacinas mostram que a vacinação com vacinas candidatas contendo linhagem descendente XBB.1 (incluindo XBB.1.5) provoca respostas de anticorpos neutralizantes mais altas às variantes SARS-CoV-2 atualmente em circulação, em comparação com respostas induzidas por vacinas atualmente aprovadas”, descreve o comunicado do Grupo Consultivo Técnico de Vacinas da OMS (TAG-CO-VAC, na sigla em inglês).
Vacinas com XBB teriam proteção mais alta que bivalentes
Uma abordagem recomendada pelo TAG-CO-VAC é o uso de uma linhagem descendente XBB.1 monovalente, como XBB.1.5, para a composição vacinal, ou outras linhagens da mesma variante, levando em conta que as diferenças genéticas e antigênicas de XBB.1.5, XBB.1.16 são consideradas pequenas.
A OMS reforça que as vacinas atualmente aprovadas continuam a fornecer proteção substancial contra Covid-19 grave e morte pela doença e que devem continuar a ser usadas. Mas reconhece que novas formulações são necessárias para melhorar a proteção sobretudo contra a manifestação da doença.
“Apesar da proteção contra doenças graves, a proteção contra doenças sintomáticas é limitada e menos durável. [Portanto] novas formulações de vacinas contra Covid-19 são necessárias para melhorar a proteção contra doenças sintomáticas”, ressalta na publicação.
O TAG-CO-VAC revisa periodicamente a evolução genética e antigênica do SARS-CoV-2, o desempenho das vacinas atualmente aprovadas contra variantes circulantes do coronavírus e as implicações para o antígeno da composição das vacinas anti-Covid.