ONU denuncia governos e líderes por usar pandemia para silenciar imprensa
Jornalistas são detidos e acusados por fazerem questionamentos sobre a Covid-19
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A Organização das Nações Unidas (ONU) denuncia líderes e governos por ataques contra a imprensa, usando a pandemia para ampliar recessão. Presidentes como Donald Trump e governos como o do México, China, Egito, Arábia Saudita, Tanzânia, Turquia, Guatemala, Bangladesh, Filipinas, Jordânia e outros foram citados como exemplos de ataques contra meios de comunicação, com prisões, desaparecimentos, fechamento de escritórios e ameaças.
"Alguns Estados utilizaram o surto do novo coronavírus como pretexto para restringir a informação e abafar as críticas", afirmou a Alta Comissária da ONU para os Diretos Humanos, Michelle Bachelet. "Uma comunicação livre é sempre essencial, mas nunca dependemos tanto dela como durante esta pandemia, quando tantas pessoas estão isoladas e temem pela sua saúde e meios de subsistência", completou.
Bachelet também observou que alguns dirigentes políticos passaram a atacar jornalistas verbalmente. Na Turquia, por exemplo, o governo chegou a dizer que precisa lutar tanto contra o vírus como contra a imprensa. Na China, um jornalista desapareceu há 75 dias.
"Segundo o Instituto Internacional da Imprensa, registraram-se mais de 130 alegadas violações dos meios de comunicação social desde o início do surto, incluindo mais de 50 casos de restrições no acesso à informação, censura e regulamentação excessiva da desinformação", alertou a ONU.
"O Instituto noticiou que cerca de 40 jornalistas foram detidos ou acusados na Ásia-Pacífico, nas Américas, na Europa, no Médio Oriente e em África por denúncias críticas à resposta do Estado à pandemia ou simplesmente por questionarem a exatidão do número oficial de casos e mortes relacionados com a Covid-19", declarou.