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ONU volta a pedir investigação de mortes de jornalistas em Gaza após novos casos

Na declaração, o escritório mencionou relatos de telefonemas com ameaças de funcionários israelenses a jornalistas palestinos

Por FolhaPress
Ás

ONU volta a pedir investigação de mortes de jornalistas em Gaza após novos casos

Foto: Imagem ilustrativa | Pexels

O Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) voltou a pedir, nesta segunda-feira (8), que mortes de jornalistas na Faixa de Gaza durante o conflito entre Israel e Hamas sejam investigadas.

O apelo acontece após um ataque de Israel no último domingo (7) matar Mustafa Tharaya, um cinegrafista independente que trabalhava para a AFP desde 2019, e Hamza Al-Dahdouh, repórter do canal qataris Al Jazeera.

"Estamos muito preocupados com o elevado número de mortes de trabalhadores da mídia em Gaza. As mortes de todos os jornalistas, incluindo Hamza Al-Dahdouh e Mustafa Abu Thuraya, em um suposto ataque das Forças Armadas de Israel a um carro, devem ser investigadas minuciosamente e de forma independente para garantir o estrito cumprimento da lei internacional".

O Estatuto de Roma e as Convenções de Genebra, documentos que balizam as leis sobre conflitos -e, portanto, também servem como base para caracterizar o que é um abuso ou um crime de guerra-, fornecem proteção jurídica aos profissionais de imprensa, ainda que não detalhem sua atuação.

À BBC, o Exército de Israel afirmou que uma aeronave identificou e atingiu um terrorista que "representava uma ameaça". "Estamos cientes dos relatos de que, durante o ataque, dois outros suspeitos que estavam no mesmo veículo que o terrorista também foram atingidos", disse o Exército à emissora britânica.

Não é a primeira vez que a ONU pede investigações a respeito de mortes de membros da imprensa durante o conflito.

Em dezembro, a agência da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados se disse "alarmada com o número sem precedentes de jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em Gaza desde 7 de outubro", quando ataques do grupo terrorista Hamas no sul de Israel provocaram a guerra.

Na declaração, o escritório mencionou relatos de telefonemas com ameaças de funcionários israelenses a jornalistas palestinos. "Esses e outros relatos semelhantes devem ser investigados de forma completa e transparente, juntamente com a condução das operações militares que levaram à morte de jornalistas, trabalhadores da comunicação social e seus familiares", afirmou a agência da ONU na ocasião.

Hamza, morto no fim de semana, era filho do editor-chefe do escritório da Al Jazeera na Faixa de Gaza, Wael Dahdouh, que já havia perdido sua mulher Amna, seus filhos Mahmoud e Sham, de 15 e 7 anos, respectivamente, e seu neto Adam, em um ataque ao campo de refugiados de Nuseirat em outubro.

Ele mesmo, aliás, foi ferido por estilhaços em dezembro, durante um ataque de drone israelense contra Khan Yunis, no sul do território, que matou um colega, o cinegrafista da Al Jazeera Samer Abu Daqqa.

"Hamza não era apenas uma parte de mim. Ele era tudo de mim. Ele era a alma da minha alma. Estas são lágrimas de tristeza, de perda. São lágrimas de humanidade", disse seu pai no funeral de mais um filho. "Apelo ao mundo para que observe atentamente o que está acontecendo em Gaza."

A última publicação de Hamza no Instagram, onde ele tinha mais de 1 milhão de seguidores, foi sobre seu pai. "Não se desespere com a misericórdia de Deus, tenha certeza de que Ele o recompensará por ser paciente", escreveu o jornalista ao lado de uma foto de Wael vestindo um colete de imprensa com o microfone em mãos.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas até o dia 31 de dezembro, ao menos 77 jornalistas e trabalhadores da imprensa morreram, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York -70 palestinos, 4 israelenses e 3 libaneses.

Antes do fim do ano, no início de dezembro, a base de dados do comitê mostrava que 60 jornalistas haviam morrido em meio ao conflito, o que, já naquele momento, fazia da guerra em curso a que mais mata profissionais de imprensa na região nos últimos 30 anos.

Como comparação, de 1992, ano em que o CPJ dá início ao seu levantamento em todo o mundo, até antes de eclodir o atual conflito, 25 jornalistas haviam sido mortos na região.

O escritório de imprensa do governo de Gaza, controlado pelo Hamas, diz que as duas mortes deste fim de semana elevam sua contagem própria de jornalistas mortos por Israel em Gaza para 109.

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