Oposição articula CPI sobre suposto uso pessoal de instituições por Bolsonaro no caso de "rachadinhas"
Segundo a Época, o presidente se encontrou com a defesa de Flávio e teria acionado Abin e GSI para tentar inocentar o filho

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A revelação de que o presidente Jair Bolsonaro teria solicitado a atuação de instituições da República - Agência Nacional de Inteligência (Abin), Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Receita Federal - em uma investigação paralela para confirmar a tese da defesa do filho dele, Flávio Bolsonaro, no caso das "rachadinhas" motivou parlamentares da oposição a recolher assinaturas para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues, e o líder do PSB na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon, informaram nesta sexta-feira (23) que articulam uma CPI para analisar a denúncia tornada pública pela revista Época. Nela, há a confirmação de que Bolsonaro recebeu, fora da agenda, no Palácio do Planalto, em 25 de agosto, a defesa do senador Flávio Bolsonaro para tratar de maneiras de derrubar a investigação do Ministério Público sobre o esquema de "rachadinhas" - que é quando o parlamentar recolhe ilicitamente parte do dinheiro pago aos funcionários - que seria feito também no gabinete do então deputado estadual do Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro. Apenas Fabrício Queiroz, um dos assessores, teria movimentado mais de R$1,2 milhão. Além do presidente, participaram do encontro sobre a defesa de Flávio, o ministro-chefe do GSI, General Heleno, e o diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
Em entrevista coletiva nesta sexta, os parlamentares colocaram que, se confirmada a denúncia de que o presidente da República tentou fazer o uso das instituições para fins particulares na tentativa de encobrir um esquema de corrupção envolvendo a própria família, isso se configuraria como crime de responsabilidade e improbidade administrativa, base para um processo de impeachment.
Para pedir a abertura da CPI, são necessárias 27 assinaturas no Senado - de um total de 81 senadores - e 171 na Câmara dos Deputados - de um total de 513 deputados. Tanto Rodrigues quanto Molon avaliam que o trabalho remoto pode dificultar a instalação, mas eles apostam na gravidade dos fatos para mobilizar os pares. "O funcionamento remoto, de fato, dificulta o próprio funcionamento do Congresso. A ausência do funcionamento das Comissões compromete a dinâmica e confere mais poder e responsabilidade sobre os presidentes das Casas, mas é o que temos e nós vamos utilizar os mecanismos que temos", reforçou Randolfe Rodrigues.
Eles ainda pretendem requerer informações e ouvir os ministros envolvidos na denúncia no Parlamento e acionar o Judiciário para averiguar as supostas irregularidades. "Estamos propondo a convocação dos responsáveis para que venham à Casa depor, tanto do ministro do GSI, Augusto Heleno, quanto do ministro da Economia, Paulo Guedes, porque se trata de órgão subordinado ao ministério, a Receita Federal", explicou Alessandro Molon.