Oposição quer afastamento de Moro e estuda medidas sobre série de reportagens que mostra interferência do atual ministro nas investigações da Lava Jato
A oposição estuda quais medidas tomará em relação ao ministro da Justiça e Segurança Pública
Foto: José Cruz | Agência Brasil
A oposição ao governo estuda quais medidas tomará em relação ao ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, por conta da série de reportagens publicadas pelo site The Intercept Brasil na noite do último domingo (9). O anúncio deve ser feito no final da tarde desta segunda (10), na Câmara dos Deputados, já que as lideranças adiantaram a vinda à Brasília para discutir o assunto. O coordenador da Bancada Federal da Bahia, Daniel Almeida, que também é líder do PCdoB na Câmara, defende o afastamento do ministro para que as investigações sejam feitas.
“Não é possível que um juiz conduza o processo de investigação e combine com os investigadores com o objetivo de atingir pessoas, de interferir no processo político brasileiro. Fica claro o conluio, a combinação que se produziu na Operação Lava Jato para produzir resultados políticos. Isso precisa passar por profundas investigações. Moro não pode continuar onde está, terá de ser afastado”, afirmou.
Almeida citou o artigo 254 do Código de Processo Penal, que coloca que o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser acusado por qualquer das partes se, por exemplo, tiver aconselhado qualquer das partes. “Parece-me claro que são nulas de Direito as decisões tomadas sobre a modelagem da ilegalidade. Só a democracia consolida a vontade popular”, concordou a colega de partido Alice Portugal (PCdoB-BA).
Ainda na noite de domingo (9), o governador Rui Costa classificou como grave as notícias e colocou ser fundamental que todo o conteúdo seja esclarecido. "O Brasil precisa saber toda a verdade. Caso contrário o País continuará sem oferecer segurança Jurídico Institucional, Credibilidade e Confiança. O Brasil precisa recuperar sua imagem no mundo. Chega de mentir e perseguir. É preciso retomar a credibilidade em nossas instituições", publicou em seus perfis oficiais no Twitter, Instagram e Facebook.
Para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta trata-se de conduta criminosa a "manipulação de investigações e a combinação de procedimentos" que teriam sido revelados pelos diálogos. Para ele, o foco está no conteúdo e não na forma como se obteve acesso às conversas.
Já o líder do PSL no Senado major Olímpio saiu em defesa. Afirmou que Moro é "melhor ainda que se imaginava" e que pode ter relacionamento pessoal com procuradores da Lava Jato. "Nada está ferindo qualquer preceito constitucional ou jurisdicional. Como estão querendo acabar com a Lava Jato tentam diminuir a figura de Moro e dos procuradores", opinou.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) por meio de nota colocou confiar na "honestidade, lisura, seriedade, capacidade técnica e no comprometimento dos Magistrados Federais com a justiça e com a aplicação correta da Lei".