Padilha desiste de ida para Nova York após restrições de Trump
Apesar de ter sido autorizado pelos EUA após visto cancelado, ministro foi restringido de andar na cidade

Foto: Gustavo Bezerra/Divulgação PT
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de acompanhar o presidente Lula (PT) em compromissos oficias em Nova York, entre os dias 22 e 24 de setembro. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles.
Com a suspensão do visto pelos Estados Unidos desde agosto deste ano, como parte de uma sanção imposta pelo governo Donald Trump. O ministro havia recebido autorização para poder participar de reunião da Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta quinta-feira (18).
A autorização aconteceu com restrições. Padilha só poderia circular entre o hotel, a sede da ONU e representações diplomáticas brasileiras, com limite de até cinco quarteirões ao redor do hotel.
Em agosto, os EUA haviam cancelado o visto da mulher e da filha de 10 anos de Padilha. Antes do titular da Saúde, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também encarou demora na obtenção do documento, que havia sido suspenso pelo Departamento de Estado dos EUA.
Antes de confirmar que não participará da comitiva, o ministro da saúde já havia dito que não saberia se viajaria aos EUA, pois está focado nas negociações para aprovar a medida provisória (MP) que institui o Programa Agora Tem Especialistas. Caso não seja votado, o texto perde a validade no próximo dia 26.
“Esse negócio do visto é igual aquela música: ‘Tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Só fica preocupado com isso quem quer ir para os EUA. Eu não quero ir para os EUA. Só fica preocupado com isso quem quer sair do Brasil ou quem quer ir para lá para fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse. Então, eu não tô nem aí em relação a isso, estou muito focado na votação no Congresso Nacional”, emendou.
Ministério da Saúde se manifesta
O Ministério da Saúde (MS) divulgou uma nota na tarde desta sexta-feira (19) em que diz ter recebido da Missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas um comunicado em que é informada da proibição de Padilha de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
“A decisão viola o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar as suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas. O país é uma referência em saúde pública mundial e um dos principais articuladores de ações voltadas à defesa da vacina, da ciência e da vida”, disse o ministério.
Pasta ainda lembrou da limitação de circulação prevista no visto temporário concedido a Padilha em Nova York, que foi classificada como "arbitrárias" as restrições e acrescentou que isso prejudica a vacinação das crianças.
“Não se trata de uma medida de retaliação ao ministro, mas ao que o Brasil representa na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta.”
Para encerrar, o ministério reforçou que a restrição a Padilha não impedirá que o Brasil faça articulações, através da delegação do ministério, como diálogos bilaterais e missões com representantes do Mercosul e Brics, bloco com presidência do Brasil.