Pais abrem processo contra o TikTok após filha cometer suicídio
Uma investigação por assédio escolar foi aberta logo após a morte da adolescente
Foto: Reprodução/Pixabay
Os pais de uma adolescente que se suicidou em 2021 na França iniciaram um processo contra o TikTok. Eles argumentam que o algoritmo da rede social colaborou para o desespero da filha, vítima de bullying na escola devido a seu peso. Essa é a primeira vez que uma ação do gênero é movida no país. Marie foi encontrada morta pelos pais em seu quarto na cidade de Cassis, no sul da França, em setembro de 2021. Dias antes de se enforcar, a adolescente de 15 anos postou no TikTok um vídeo desabafando sobre o assédio que sofria na escola por ser gorda. Devido ao algoritmo, o vídeo atraiu para a sua conta outros vídeos sobre o mesmo assunto.
A advogada dos pais de Marie reveou à rádio FranceInfo Laure Boutron-Marmion: “É evidente que TikTok tem sua parte de responsabilidade no que aconteceu”. Ela ainda lembraou que a jovem foi muito explícita ao falar de seu sofrimento e “pelo algoritmo, recebeu um volume importante de vídeos sobre o mesmo tema, que só podem tê-la levado a se sentir ainda pior”. Os pais de Marie abriram um processo por “incitação ao suicídio”, “propaganda sobre meios de se suicidar” e “não atendimento a pessoa em perigo”. Uma investigação por assédio escolar foi aberta logo após a morte da adolescente.
A divulgação do processo dos pais de Marie coincidiu com outros casos de suicídio provocado por bullying sendo revelados pela mídia na França, evidenciando o debate sobre o assédio nas escolas. Na segunda-feira (18), o ministro da Educação, Gabriel Attal, reuniu os representantes das escolas do país para falar sobre o assunto. O objetivo do encontro foi fazer um balanço de todos os casos de bullying registrados no ano passado. O problema, que atinge um em cada dez alunos na França, foi apontado como uma prioridade para o governo. O assédio escolar se tornou um delito na França desde março de 2022. Segundo uma lei, os autores estão sujeitos a penas de 10 anos de prisão e € 150.000 de multa.