Pandemia faz SUS suspender cerca de 1 milhão de cirurgias não urgentes
Em 2020, a queda média nos procedimentos cirúrgicos foi de 59,8%
Foto: Agência Brasil
De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, provocou a suspensão de pelo menos um milhão de cirurgias eletivas (não urgentes) no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020. O setor estima que, considerando os setores público e privado, a queda média nos procedimentos cirúrgicos no ano passado tenha sido de 59,8%. Em algumas regiões, o recuo teria chegado a 90%.
O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (15), constatou ainda uma queda de 50,8% no faturamento das empresas de produtos para saúde em 2020. Segundo a pesquisa, a redução do faturamento foi causada pela suspensão dos procedimentos cirúrgicos. “As pessoas imaginam, falsamente, que não houve crise na saúde”, afirma o presidente da Abraidi, Sérgio Rocha, com base nos dados levantados. “Mas fomos impactados com a pandemia muito mais do que outros segmentos”, completou.
O objetivo da redução nas cirurgias eletivas foi liberar recursos, profissionais e instalações para enfrentar a Covid-19. Especialistas estimam que nos próximos meses pode haver demanda explosiva por procedimentos. Ao mesmo tempo, entretanto, a pandemia se prolonga. A combinação dos dois processos poderá pressionar ainda mais o sistema de saúde. “Ao longo do último ano, os hospitais foram praticamente bloqueados para o atendimento de casos de covid-19. Nada mais justo diante da pandemia”, pondera Rocha. “Mas embora essas cirurgias eletivas não sejam urgentes, elas têm um tempo para acontecer, a condição dos pacientes pode se agravar”, disse.
Para 86% dos empresários do setor, a retomada só deverá começar no fim do 2º semestre ou em 2022. “A pesquisa qualitativa mostrou que os executivos acreditam que as cirurgias eletivas só serão retomadas, em sua plenitude, quando a maioria da população estiver vacinada, provavelmente no final deste ano”, prevê Sérgio Rocha. Segundo Rocha, o estudo estima que a recuperação será lenta. O processo poderá ser prejudicado pela explosão de pacientes e óbitos de outras enfermidades. São doenças cardiovasculares, ortopédicas e cânceres. Esses males crônicos não transmissíveis causam 74% das mortes no País, em tempos sem pandemia.