Saúde

Pandemia leva SUS a cancelar quase um milhão de cirurgias em 2020

Especialistas apontam que procedimentos adiados vão engrossar a fila dos hospitais em 2021

Por Da Redação
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Pandemia leva SUS a cancelar quase um milhão de cirurgias em 2020

Foto: Reprodução/Agência Brasília

Para oferecer o tratamento aos infectados pela Covid-19, em 2020, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou quase um milhão de cirurgias a menos que no ano anterior, o que representa uma queda de 20% no período, segundo levantamento feito por uma equipe de pesquisadores a partir de informações registradas do Datasus (Departamento de informática do SUS). Ao todo, foram 4 milhões de procedimentos, na comparação com 5 milhões em 2019. 

As chamadas cirurgias eletivas, que não são emergenciais, tiveram a maior queda, de 41% na comparação com 2019. Os procedimentos emergenciais recuaram bem menos, 4,6%. Com o avanço da pandemia, muitos hospitais suspenderam ou reduziram as cirurgias eletivas a fim de centralizar recursos no atendimento à população contaminada.

A expectativa é de um cenário ainda pior ao menos no primeiro semestre de 2021, com hospitais em colapso tanto na rede pública quanto na privada. Os procedimentos não realizados por causa da pandemia vão engrossar a fila de cirurgias do SUS, já extensa antes da pandemia. Na rede privada, a queda nos procedimentos eletivos também ficou em cerca de 40%, segundo Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

Ele pondera que, a despeito de não serem considerados emergenciais, muitos casos exigem tratamento tempestivo. “Existem aquelas cirurgias puramente estéticas, que entram na conta, mas as outras são necessárias para que não se tornem casos de emergência”, diz.

Prioridades

Decidir quais cirurgias deveriam ser adiadas foi um dos grandes desafios dos médicos em meio à pandemia, afirma Bárbara Luizeti, da UniCesumar, de Maringá, que realizou o estudo juntamente com estatísticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Em todo o mundo, o adiamento foi apontado como uma medida importante para evitar sobrecarga de hospitais e possibilitar a reorganização dos sistemas de saúde em vista do grande fluxo de pacientes. Mas a escassez de medicamentos e hemocomponentes, embora menor em 2020 que neste ano, também provocou essa redução.

Entre os tipos de cirurgia, as que mais diminuíram estão as endócrinas (48%), de mama (41%), bucomaxilofacial (37%), das vias aéreas superiores (36%), sistema digestivo e abdominal (30%) e cirurgias menores, como as subcutâneas (33%).

Luizeti destaca as cirurgias oncológicas, em que a maioria das diretrizes apontava que deveriam ser adiadas, se possível. Mas havia a preocupação com o adiamento. “O estudo encontrou redução de apenas 5,6% nas cirurgias oncológicas gerais, o que sugere que o Brasil optou pelo tratamento cirúrgico na maioria dos casos de câncer.”

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