Vendedores caem em golpe da compra falsa no Mercado Livre; saiba como evitar
No Mercado Livre, uma das principais plataformas do segmento de feira online, bandidos disfarçados de clientes induzem a compra
Foto: Divulgação
Se antes a maior vítima das compras pela internet era o consumidor, que caía em diferentes golpes em sites de diversos tipos de negócios, hoje quem sofre é o vendedor, fraudado por criminosos que elaboram golpes cada vez mais difíceis de serem identificados.
No Mercado Livre, uma das principais plataformas de segmento de feira online, bandidos disfarçados de clientes induzem a compra, através de transação pela plataforma e fraudam e-mails de comprovação de pagamento. Segundo relatos de quem caiu no golpe, os vendedores não desconfiam, enviam os produtos pelos Correios e não recebem o valor ofertado.
A publicitária mineira Marcella Couto, 29, está se sentindo impotente. Ela tentou vender relógios de marcas renomadas pela plataforma, mas foi enganada por um criminoso. “Recebi ligações de um homem que se identificou como Mário. Ele queria saber mais informações sobre os relógios, se eram do Brasil e se eram novos. Depois recebi e-mail do mesmo homem e, poucas horas depois, recebi outro e-mail confirmando a compra.
No comprovante de pagamento, segundo Marcella, constavam todos os dados do comprador, que a polícia desconfia serem falsos. A publicitária também recebeu a etiqueta de envio e as instruções e procedimentos padrão para vendedores do Mercado Livre. O problema é que, apesar de terem o mesmo layout, linguagem e fonte originais do site, a comunicação era fraudulenta e ela demorou de perceber que por trás da história estava um golpista. "É preciso ficar atento ao endereço de e-mail e ao código do vendedor”, alerta.
Marcella não percebeu a fraude e o produto foi enviado para o falso comprador. O prejuízo, segundo calcula, é de R$1.500. O golpe foi registrado ao Mercado Livre e a publicitária diz ter feito um boletim de ocorrência na polícia. Na delegacia, Marcella chegou a ouvir que “deu sorte” porque, na maioria vezes, esse tipo de crime fica impune. “Fiquei me perguntando a saída para esse tipo de picaretagem. Estou com a sensação de que o crime virtual compensa”, diz.
Por pouco o vendedor baiano Cristian Teles, 48, não entregou um Motorola One Vision, recém-lançado e lacrado na caixa, nas mãos de um bandido. O prejuízo seria de 2 mil reais se Cristian não fosse esperto e não percebesse o golpe a tempo. Ele chegou a despachar o aparelho para São Paulo, mas, pouco depois do envio, decidiu olhar novamente o e-mail e percebeu que era falso. O vendedor entrou em contato com os Correios e conseguiu suspender a entrega do produto. “Fiquei completamente tenso porque, com o dinheiro da venda do produto, eu planejo pagar o tratamento médico da minha mãe. Eu ia colocar tudo a perder”, diz.
Procurado pelo Farol, o Mercado Livre disse que, ao o vendedor realizar cadastro, a empresa orienta como os vendedores podem se precaver e também aconselha o que fazer caso seja vítima de algum golpista. “Para garantir uma negociação segura, o recomendado é verificar o status das vendas e/ou compras na área "Minha conta", disponível ao usuário logado no site. O vendedor não deve considerar nenhuma mensagem nem enviar o produto antes de checar as informações da conta e a existência de crédito especificamente nesse canal”, diz em nota.
O advogado especialista em crimes na internet, José Antônio, reconhece o problema. Ele afirma que os crimes virtuais ganham novas roupagens à medida que caem na mira da polícia. Para garantir a segurança dos usuários, o advogado fala que, independente do método aplicado pelos bandidos, a precaução é a mesma. “Os dados de contato, como endereço de e-mail e número de celular, não devem ser informados a outros usuários diretamente antes da concretização da venda por meio da plataforma”, alerta. “Uma pessoa mal-intencionada e um vendedor desavisado. É desse encontro que nascem os golpes. Ou seja, a tática é sempre estar atento e desconfiar de todas as compras e vendas”, pontua o advogado.