Perereca vista pela última vez há mais de 50 anos é redescoberta por pesquisadores de Capão Bonito, no interior de SP
Pertencente à família de pererecas da espécie Phrynomedusa appendiculata, o anfíbio foi encontrado no Penap

Foto: Reprodução
Uma espécie de perereca laranja e verde-limão, vista pela última vez em 1970, foi encontrada por um grupo de pesquisadores em Capão Bonito (SP). Pertencente à família de pererecas da espécie Phrynomedusa appendiculata, o anfíbio foi encontrado em uma lagoa no Parque Estadual Nascentes do Paranapanema (Penap), local dominado por uma vasta área de Mata Atlântica bem preservada.
O biólogo Alexandre Camargo Martensen revelou ao g1 que foi até a área em Capão Bonito em 2011, para elaborar um projeto para subsidiar a criação do parque, que na época ainda não era uma unidade de conservação ambiental.
Naquele período, Alexandre e outros pesquisadores passaram dias acampados na floresta, para estudar a fauna, a flora, outros atrativos turísticos e as questões fundiárias na região. Posteriormente, o grupo apresentou um relatório ao Conselho Estadual do Meio Ambiente, o que fundamentou a criação do parque em 2012.
A perereca foi localizada durante o desenvolvimento do projeto, em 2011. No entanto, foi apenas em 2022, na semana passada, que os pesquisadores publicaram um artigo que comprova que a espécie achada no interior de São Paulo é a que tinha sido vista pela última vez em 1970, em Santo André.
“A espécie foi coletada em 1924 em Santa Catarina e descrita em 1925 por Adolfo Lutz. Desde então, ela foi vista mais uma vez ainda no início do século passado e depois em 1970 em Santo André. Desde então, ninguém mais via”, diz Alexandre.
Ainda de acordo com o pesquisador, antes da publicação do artigo, a espécie era considerada possivelmente extinta, já que não era vista há mais de 50 anos. Em Capão Bonito, o grupo encontrou cerca de 15 pererecas em atividade reprodutiva.
“As poucas informações que temos indicam que estas espécies se reproduzem em lagoas, ambiente que é naturalmente mais raro e disperso no alto das serras, onde predominam riachos de água corrente", relata Leandro Moraes, que também participou da pesquisa.