Pesquisa aponta que 76% das entrevistadas não possuem o chamado corpo 'violão'

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) põe fim à lenda do perfil corporal da brasileira típica: quadris avantajados e cintura fina, o célebre formato “violão”. Segundo o levantamento, 76% das entrevistadas possuem o corpo no formato retangular, com mínima diferença entre tórax e quadril, e cintura pouco pronunciada. 

O corpo no formato "colher" (conforme foto de capa), que mais se aproxima na pesquisa ao "violão", corresponde apenas a 5% das participantes da pesquisa. Aliás, o corpo violão nunca foi o padrão brasileiro. A realidade é mais complexa, devido à miscigenação de europeus, africanos e indígenas", segundo Denise Bernuzzi de Sant'Anna, historiadora da PUC-SP.

A coleta de dados foi realizada através de um body scanner - equipamento capaz de medir com precisão 116 partes do corpo humano - transportado Brasil afora, e que analisou os corpos de 6.400 mulheres ao longo de cinco anos. A partir da coleta, as medições indicaram cinco biótipos - que independe de corpo e peso. Já a estrutura corporal é formada 40% pela genética e 60% por fatores ambientais. "Os hábitos locais influenciam a maneira de lidar com o corpo e a forma que ele vai assumir", afirma o geneticista Salmo Raskin.

O objetivo inicial da pesquisa, segundo a ABNT, é que os resultados permitam padronizar os tamanhos das peças femininas, de maneira que um P ou G tenham aproximadamente as mesmas medidas em todas as marcas. "A intenção é conseguir unificar os padrões", diz Maria Adelina Pereira, superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da ABNT. 

Como ainda não há regulação que estabelece um padrão no tamanho das roupas, cada marca usa o molde que bem entende. Por isso, a ABNT orienta que, junto com os tradicionais P, M e G e outras indicações de tamanho, as marcas incluam a medida em centímetros de busto, cintura e quadril na etiqueta.

Essa medida visa, além de facilitar a vida das consumidoras, dar uma uniformização para maior eficiência nas vendas por comércio eletrônico, em que falta provador e cerca de 10% das compras acabam sendo devolvidas.