Pesquisa desenvolve metodologia para mapear riscos de desastres naturais
O estudo foi realizado no município de São Luiz do Paraitinga (SP) por alunos de uma escola, juntamente com um orientador
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Um estudo, publicado na revista Disaster Prevention and Management, mostrou que pesquisadores de universidades e centros de estudos brasileiros desenvolveram uma metodologia para mapear os riscos de desastres naturais com a participação de moradores, principalmente estudantes, para prevenir os efeitos de inundações, alagamentos, deslizamentos e chuvas intensas.
A pesquisa foi conduzida por cientistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e da Universidade do Vale do Paraíba (Univap).
A metodologia de mapeamento foi elaborada a partir da participação de 22 alunos da escola Monsenhor Ignácio Gióia, matriculados entre 2019 e 2021, no município de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo. A cidade foi parcialmente destruída, em 2010, por uma enchente, quando o nível do Rio Paraitinga subiu e deixou a maioria da população desalojada.
Foram usados dados de risco, disponíveis na internet pelo Serviço Geológico do Brasil - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia - e imagens obtidas com drones. Munidos dessas informações, os alunos elaboraram um mapa de risco e rotas de fuga.
“Os alunos identificaram no mapa e foram também elaborando rotas de fuga para que as pessoas, dentro dessas áreas inundáveis, quais seriam os lugares seguros que elas poderiam se abrigar temporariamente diante de inundações de cinco metros, de dez metros, e assim por diante. É um exercício de planejamento, um plano de contingência feito em conjunto com as pessoas que moram na região”, destacou o sociólogo Victor Marchezini, pesquisador do Cemaden e orientador do trabalho.
“Se não há esse tipo de envolvimento com as pessoas do local, as respostas aos desastres acabam sendo improvisadas, as pessoas não estão preparadas. Usamos São Luiz do Paraitinga como um laboratório vivo, pensando em ações de prevenção”, complementou o pesquisador.
Durante o desenvolvimento do estudo, os alunos sugeriram, como forma de melhorar a prevenção dos desastres, a realização de um planejamento territorial para evitar construções em áreas de risco, e a criação de um aplicativo para comunicar rapidamente ações de resposta direcionada aos moradores.
“É sempre importante que a gente tenha esses planos, faça os treinamentos em conjunto com os moradores. Mas além disso, a gente tem que se preparar para aquilo que é impensável, é justamente quando o evento extremo foge daquilo que a gente estava acostumado”, salientou Marchezini.
A pesquisa científica, que tem como primeiro autor o pesquisador Miguel Angel Trejo-Rangel, do Inpe, recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).