PF cumpre mandados contra grupo que fraudava empréstimos consignados na BA; estagiária usava foto de pinguim para cometer crimes
Grupo realizou mais de oito mil desbloqueios de benefícios em um ano na cidade de Ubaíra
Foto: Divulgação PF Bahia
Uma estagiária da Agência da Previdência Social (APS) é apontada como suspeita de desbloquear benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e realizar empréstimos utilizando fotos de pinguim no perfil, na cidade de Ubaíra, no Vale do Jiquiriçá, sudoeste da Bahia.
As investigações do esquema tiveram início há cerca de quatro meses e resultaram na Operação Unlocked - desbloqueado em português -, deflagrada na quarta-feira (21). A Polícia Federal (PF) cumpriu quatro mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária nos municípios de Ubaíra e Mutuípe. O nome da estagiária não foi divulgado. Também não há detalhes se ela foi presa na operação.
Segundo a PF, foram identificados mais de oito mil desbloqueios no período de um ano, sem observar as normas internas do INSS e sem anexar os documentos de identificação dos supostos requerentes. Os pedidos eram feitos sem o conhecimento dos titulares dos benefícios.
As investigações apontaram ainda que a lista com os nomes e documentos dos beneficiários era encaminhada por uma agente financeira do município de Mutuípe. Diariamente, ela enviava para a estagiária uma lista contendo dezenas de nomes, números de benefício e CPFs para que a estagiária realizasse os desbloqueios, mediante contraprestação financeira.
Posteriormente, outros membros do grupo criminoso, em diversos locais do país, falsificavam a documentação do beneficiário para promover a abertura de contas bancárias e obter valores a título de empréstimo consignado.
Conforme a PF, os envolvidos responderão pela prática dos crimes de estelionato, associação criminosa e inserção de dados falsos em sistemas de informações, com penas que, se somadas, podem chegar a 15 anos de prisão.
Fraude em Salvador
Em julho deste ano, três estagiários do INSS foram apontados pela PF como suspeitos de fraudar a concessão de empréstimos consignados. Um dos aprendizes, maior de idade, foi preso em flagrante. Duas adolescentes, que trabalhavam na mesma agência da Previdência Social em Salvador, foram apreendidas.
Investigações preliminares indicam que os três desbloqueavam benefícios previdenciários sem o conhecimento dos titulares, mediante a inserção de documentos falsos nos sistemas do INSS. A partir daí, outros envolvidos no esquema contratavam empréstimos consignados em nome dos beneficiários lesados, que nada sabiam da fraude.
O trio pode responder pela prática de crime/ato infracional de inserção de dados falsos nos sistemas de informação, cuja pena máxima pode chegar a 12 anos de reclusão (no caso do estagiário maior de idade).