PF indicia Bolsonaro e ex-integrantes do governo por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa
Relatório final da investigação, com mais de 800 páginas, foi concluído e será entregue ao STF
Foto: Agência Brasil/Marcos Corrêa
A Polícia Federal (PF) indiciou, nesta quinta-feira (21), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-integrantes do governo por abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. O indiciamento ocorre no inquérito que investiga uma tentativa de manter Bolsonaro no poder e assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
O relatório final, com mais de 800 páginas, foi concluído e será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria Geral da República (PGR) decidirá se apresentará a denúncia, e a Corte será responsável pelo julgamento. As penas para os crimes variam de 4 a 12 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, foram indiciados os generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, além de candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022.
Também foram indiciados o delegado Alexandre Ramagem, ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.
Em nota, a PF afirma que as investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Confira a nota da PF na íntegra:
A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.
O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.
As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Lula comenta caso pela primeira vez
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou nesta quinta-feira (21), pela primeira vez, sobre as investigações da Polícia Federal (PF) que apontam um plano arquitetado por militares para dar um golpe de Estado em 2022. O plano envolvia assassinar, por explosão ou envenenamento, ele, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.
“Sou um cara que tenho que agradecer agora, muito mais, porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e Alckmin não deu certo, nós estamos aqui”, disse, durante um evento no Palácio do Planalto para divulgar planos do governo federal para a concessão de rodovias ao setor privado.
"E eu não quero envenenar ninguém. A única coisa que eu quero é, quando terminar o meu mandato, que a gente desmoralize, com números, aqueles que governaram antes de nós", completou.
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