Política

PF ouve militar que afirmou saber quem foi o mandante da morte de Marielle

Militar Ailton Barros foi preso em operação sobre fraude em cartões de vacinação

Por Da Redação
Ás

PF ouve militar que afirmou saber quem foi o mandante da morte de Marielle

Foto: Psol e Reprodução/Twitter

A equipe da Polícia Federal que investiga a morte de Marielle Franco (PSOL-RJ) ouviu, nessa quarta-feira (3), o militar da reserva e ex-candidato a deputado estadual Ailton Barros (PL-RJ). Ele enviou uma mensagem de áudio para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na qual dizia saber quem mandou matar a vereadora em 2018. 

De acordo com o g1, no depoimento, o militar apresentou elementos que serão apurados pela força-tarefa.

Ailton Barros e Mauro Cid foram presos nesta quarta-feira (3) na Operação Venire da Polícia Federal, que apura fraudes em cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de pessoas de seu entorno.

Candidato ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2022, Ailton enviou uma mensagem de áudio a Cid em que falava sobre a falsificação dos documentos, que contava com ao auxílio do ex-vereador do Rio, Marcello Siciliano, e ressaltou que o político carioca enfrentava “injustamente” problemas relacionados à morte de Marielle.

Ailton Barros enviou a seguinte mensagem de áudio, conforme transcrição feita pela Polícia Federal:

"De repente, nem precisa falar com o cônsul. Na neurose da cabeça dele [Siciliano], que ele já vem tentando resolver isso a bastante tempo, manda e-mail e ninguém responde, entendeu? Então, ele partiu para a direção do do cônsul, que ele entende que é quem dá a palavra final. Mas a gente sabe que nem sempre é assim, né? Então quem resolva, quem resolva o problema do garoto, entendeu? Que tá nessa história de bucha. Se não tivesse de bucha, irmão, eu não pediria por ele, tá de bucha. Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu? ", afirmou Ailton Barros. 

De acordo com o que foi apurado pela PF, no dia 30 de novembro de 2021, Ailton Barros e Mauro Cid trocaram várias mensagens de áudio. As gravações foram transcritas pelos agentes da PF e incluídas no ofício enviado pela corporação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação desta quarta.

Segundo a PF, em um dos áudios, Ailton Barros comunicou a Mauro Cid que o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano teria intermediado a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de Gabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

De acordo com a investigação, como contrapartida pelo sucesso da inserção dos dados falsos, Ailton Barros solicitou a Mauro Cid que intermediasse um encontro de Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil para resolver um problema relacionado ao visto de entrada de Siciliano no país norte-americano.

Ailton Barros relatou a Mauro Cid que Siciliano estava tendo problemas com o visto em razão do envolvimento do nome do ex-vereador no caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Siciliano chegou a ser investigado na época do crime. Mas, depois de investigar, a polícia descartou a participação dele na morte da vereadora. 

A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados há cinco anos, em março de 2018. A Delegacia de Homicídios da Capital, o Ministério Público do Rio e, desde fevereiro, a Polícia Federal tentam desvendar o crime.

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