PGR diz ao STF que Jair Bolsonaro iniciou convocações para atos de 7 de setembro
Investigação aponta o dia 15 de agosto como início da organização das manifestações
Foto: Alan Santos/PR
As investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam que a organização das manifestações que aconteceram no dia 7 de setembro deste ano teve início após uma convocação feita pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), semanas antes. A partir das provas colhidas, a PGR também tenta rastrear a participação de ministros do governo na organização desses atos. Com isso, a investigação avança para as digitais do Palácio do Planalto nas manifestações.
Essa é a primeira vez que a PGR cita nominalmente Bolsonaro dentro do inquérito, em um documento sigiloso enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 4 de setembro. O procedimento ainda não deixa claro, entretanto, se o presidente é investigado neste caso, nem descreve quais seriam os eventuais crimes cometidos por ele. As críticas do presidente à Corte já lhe renderam a inclusão como investigado no inquérito das fake news, que tramita em sigilo no STF sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, responsável pelo caso, afirma que a convocação para os atos de 7 de setembro teve início no dia 15 de agosto, quando Bolsonaro teria divulgado uma mensagem para seus contatos no WhatsApp defendendo a organização de um “contragolpe” às manifestações contrárias à sua gestão.
No documento, a PGR cita essa divulgação como sendo uma “entrevista” dada por Bolsonaro. “A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria ‘contragolpe’ aos atos entendidos como contrários à sua gestão, em 15 de agosto do presente ano”, escreveu Lindôra.
Por isso, a PGR estabeleceu o dia 15 de agosto como “marco temporal em que foram iniciadas as convocações para os atos antidemocráticos previstos para o dia 7.9.2021”. Com base nessa data, a investigação busca rastrear o fluxo financeiro dos alvos para descobrir os financiadores.
Nos depoimentos já colhidos pela Polícia Federal (PF), investigadores fizeram questionamentos sobre a relação dos alvos com ministros do governo e com parlamentares apoiadores do presidente. Um dos principais investigados é o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, atualmente foragido no México. Ele incentivou paralisações de caminhoneiros para o dia 7 de setembro com o objetivo de pressionar o Senado pela destituição dos ministros do STF.