PGR pede reabertura de investigação sobre interferência de Bolsonaro na PF

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta quarta-feira (15) ao STF (Supremo Tribunal Federal) a reabertura da investigação sobre a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal.
Segundo Gonet, a nova frente da investigação será o possível vínculo da interferência na PF com a Abin paralela e a propagação de ataques sistemáticos a autoridades.
"A manifestação é pelo retorno dos autos à Polícia Federal para que seja realizada a seguinte diligência, sem prejuízo de outras que a autoridade policial julgar necessárias", diz Gonet.
O pedido de reabertura da investigação será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Em manifestação anterior, a PGR sugeriu o arquivamento do inquérito por falta de provas.
A investigação sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal foi aberta em 2020. Na época, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão e disse que Bolsonaro tentou intervir politicamente na PF, com mudança de diretores e na condução de inquéritos relacionados aos seus familiares.
Gonet diz que, pelo depoimento de Moro, a reclamação de Bolsonaro era sobre a "falta de acesso a relatórios de inteligência da PF".
"Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis", afirma o chefe da PGR.
A Polícia Federal encerrou o inquérito sobre Bolsonaro em 2020, após concluir não haver indícios de que o ex-presidente interferiu na corporação para proteger aliados e familiares ao trocar o comando do órgão.
No relatório, a PF afirma que em dois anos de apuração "nenhuma prova consistente" da interferência de Bolsonaro foi encontrada e que todas "as testemunhas ouvidas foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações".
Segundo relatório do delegado Leopoldo Soares Lacerda, Bolsonaro não cometeu um ato contrário à lei ao pedir a troca do diretor-geral da corporação a Moro porque cabe ao presidente escolher a equipe ministerial e também os chefes vinculados aos ministérios.
"Constam nos autos informações de que a relação entre o Presidente da República e o delegado de polícia federal Ramagem, nomeado como dirigente máximo da PF, iniciou-se no final da campanha presidencial por razões profissionais e assim foi mantida", disse o delegado.
Ele também não encontrou sinais de que o presidente atuou com o objetivo de interferir em investigações de seu interesse ou de seus filhos e aliados políticos.