Polícia Federal abre inquérito para investigar supostos crimes em território Yanomami
Investigação aberta pelo Ministério da Justiça tramita na Superintendência Regional da corporação em Roraima
Foto: Lucas Lima/ISA
A Polícia Federal (PF) informou, nesta quarta-feira (25), que instaurou inquérito policial, após determinação do Ministério da Justiça, para apurar os crimes de genocídio, omissão de socorro e crimes ambientais na Terra Indígena Yanomami. A investigação tramita na Superintendência Regional da corporação em Roraima e segue sob sigilo.
A Terra Indígena Yanomami tem registrado casos graves de desnutrição e de malária. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que oito em cada dez crianças indígenas com menos de cinco anos na comunidade sofrem de desnutrição.
O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade de 30 mil habitantes, localizada no meio da floresta amazônica.
A partir desta situação, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública de importância nacional na Terra Indígena Yanomami. Com a medida, o governo cria o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE — Yanomami), que será coordenado pela Secretaria Nacional de Saúde Indígena.
Na última segunda-feira (23), doze profissionais de saúde embarcaram com destino a Roraima para atuar na situação de emergência de saúde pública de importância nacional no território Yanomami. O reforço faz parte da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e será alocado no hospital de campanha.
Garimpo
Em visita ao território, no último sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo vai atuar para interromper o garimpo ilegal. "Mesmo que seja um trabalho que tem autorização da agência para fazer pesquisa, terá de fazer pesquisa sem destruir a água, sem destruir a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver", disse.
De acordo com o relatório "Yanomami sob ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo", entre 2016 e 2021 o garimpo ilegal aumentou 3.350% na região. A ação polui a água que é consumida pela população, porque lança mercúrio e outros produtos tóxicos nos rios, o que causa doenças aos moradores.
Além disso, prejudica a produção de alimentos, com a destruição das florestas, o que gera aumento da caça ilegal e ocasiona o avanço da fome nas comunidades tradicionais.