Policiais militares são investigados por mortes de três indígenas no sul da Bahia
Autoridades afirmam que 'uma milícia armada' composta por PMs está envolvida nos assassinatos
Foto: Leo Otero / Ministério dos Povos Indígenas
Cinco policiais militares são investigados pelo assassinato de três indígenas pataxós, no sul da Bahia, nos últimos dois anos. A participação foi apontada pelo Ministério Público Federal e pelas defensorias públicas da Bahia e da União.
Os agentes, que seriam seguranças privados de fazendeiros nas horas vagas, são suspeitos de matar um jovem, em setembro de 2022, e outros dois, em janeiro de 2023.
As manifestações com pedido de providências dos órgãos ao governo da Bahia foram feitas após o assassinato da pajé Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, no dia 21 de janeiro. Segundo as autoridades, "uma milícia armada composta por policiais militares" está envolvida nas mortes dos indígenas.
Três PMs já foram denunciados e são réus na Justiça Federal. Eles respondem pela morte de Gustavo Pataxó, de 14 anos, em setembro de 2022. Outros dois, um deles já reformado, chegaram a ser presos e são investigados, mas até o momento não foram acusados formalmente. Desde 2022, o MPF-BA abriu pelo menos cinco investigações internas sobre a atuação de PMs nos crimes.
O estado teve cerca de 19 assassinatos de indígenas nos últimos cinco ano, mas nenhum autor foi condenado até o momento. A PM da Bahia é a que mais mata no país, segundo a edição mais recente do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os agentes da corporação mataram 1.464 pessoas em 2022, em serviço ou não. Pela primeira vez, o número ficou acima do da PM do Rio de Janeiro, que registrou 1.330 mortes em intervenções naquele ano.
O Farol da Bahia entrou em contato com a PM sobre o assunto, mas até o momento não obteve retorno.