População mundial atingirá 10,3 bilhões neste século
Portugal está entre 63 países que já atingiram o auge demográfico
Foto: Unsplash/Shashank Hudkar
O Relatório Perspectivas da População Mundial 2024, lançado nesta quinta-feira (11), das Nações Unidas, aponta que o total de habitantes do planeta poderá atingir o pico neste século.
Segundo o estudo, a população global atingirá o máximo em meados da década de 2080 após crescer nos próximos 60 anos. A alta será dos 8,2 bilhões em 2024, para cerca de 10,3 bilhões, em meados da década de 2080.
O levantamento da ONU aponta Portugal como um dos 63 países e áreas que atingiram o pico da população este ano, incluindo China, Alemanha, Japão e Rússia. A população do grupo poderá diminuir em 14% nos próximos 30 anos.
A previsão é que Brasil e Cabo Verde atinjam o máximo de habitantes em 30 anos. Entre 2025 e 2054 estima-se que a população deve alcançar o maior número em 48 países e áreas, incluindo Irã, Turquia e Vietnã.
Baixo nível de fertilidade
O relatório das Nações Unidas enfatiza ainda que o tamanho da população mundial em 2100 estará 6% abaixo do que foi previsto há uma década, ou 700 milhões de pessoas a menos.
O crescimento demográfico teve influência da baixa dos níveis de fertilidade em alguns dos maiores países do mundo, especialmente a China. Em nível global, as mulheres estão tendo um filho a menos, em média, do que tinham por volta de 1990.
O relatório revela ainda que em mais da metade de todos os países e áreas, a média de nascidos vivos por mulher está abaixo de 2,1 do necessário para que uma população mantenha um tamanho constante a longo prazo sem migração.
Em quase um quinto de todos os países e áreas, incluindo China, Itália, Coreia do Sul e Espanha, a fertilidade é considerada “ultrabaixa”, com menos de 1,4 nascidos vivos por mulher ao longo da vida.
O Relatório Perspectivas da População Mundial 2024 indica que a gravidez precoce continua sendo um desafio, principalmente em países de baixa renda. Em 2024, mães com menos de 18 anos geraram 4,7 milhões de bebês, ou cerca de 3,5% do total mundial.
Destes, cerca de 340 mil nasceram de crianças menores de 15 anos, com consequências graves para a saúde e o bem-estar das jovens mães e de seus filhos.
O relatório conclui que investir na educação de jovens, especialmente meninas, e aumentar as idades de casamento e primeiro filho em países onde isso ocorre precocemente terá resultados positivos para a saúde das mulheres, realização educacional e participação na força de trabalho.
Escala dos investimentos
Esses esforços também contribuirão para desacelerar o crescimento demográfico e reduzir a escala dos investimentos necessários para atingir o desenvolvimento sustentável, garantindo que ninguém seja abandonado.
Nas últimas três décadas, as taxas de mortalidade diminuíram e a expectativa de vida aumentou de forma significativa. Após um breve declínio durante a pandemia da Covid-19, o número de anos que a população global espera viver atingiu 73,3 anos em 2024, comparados aos 70,9 anos durante a crise de saúde.
Até o final da década de 2050, mais da metade das mortes globais ocorrerão aos 80 anos ou mais, um aumento substancial de 17% em relação ao nível de 1995.
Já até o limite da década de 2070, o número de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassará o de menores de 18 anos, enquanto o total de indivíduos com 80 anos ou mais superará o de bebês com menos de um ano em meados da década de 2030.
Taxa de natalidade
Em países que ainda estão crescendo rapidamente e têm populações relativamente jovens, o número de pessoas de idade igual ou superior a 65 anos deverá aumentar nos próximos 30 anos.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, Li Junhua, disse que o cenário demográfico evoluiu muito nos últimos anos. Em alguns países, a taxa de natalidade agora é ainda menor do que o previsto anteriormente e se observam declínios ligeiramente mais rápidos em algumas regiões de alta fertilidade.
Para ele, atingir o auge da população mais cedo e em número mais baixo é um sinal de esperança que “pode significar pressões ambientais reduzidas de impactos humanos devido ao menor consumo agregado”.
O representante alertou, no entanto, que o crescimento demográfico mais lento não eliminará a necessidade de reduzir o impacto médio que é atribuído às atividades de cada indivíduo.