Povo do Irã vai as urnas nesta sexta-feira (18) para escolher novo presidente
Vencedor será peça-chave para as questões sobre acordo nuclear

Foto: Reprodução/Money Times
Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira (18), para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os Estados Unidos.
O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte, pela moderação do atual presidente Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Hoje, o favorito na disputa é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.
Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group.
Desde que Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo.
Pelo acordo firmado em 2015, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas.
No entanto, em 20018, o então presidente, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou.