Prefeitura retira da rede municipal de ensino professores de artes e educação física
As aulas na rede municipal de ensino começam na quinta-feira (3)
Foto: Bruno Rocha/Prefeitura de Salvador
Os professores especialistas das disciplinas de Educação Física e Artes das turmas de 1° e 2° ano do ensino fundamental serão retirados da rede municipal. A medida foi anunciada pela prefeitura, e criticada pela categoria, que aponta prejuízos na alfabetização das crianças, com idades entre 6 e 7 anos.
As aulas na rede municipal de ensino começam na quinta-feira (3). Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), essas disciplinas serão ensinadas por pedagogos, "para liberar os especialistas para atender às necessidades de alunos de turmas seguintes".
Em entrevista a um jornal local, a representante do Coletivo de Coordenadoras e Coordenadores Pedagógicos da Rede Municipal de Salvador, Denise Souza, disse que os estudantes mais novos terão prejuízos na formação, com essa transferência de aprendizado. "No processo de alfabetização, a criança se apropria da leitura, da palavra, mas também do mundo. A criança não nasce sabendo, por exemplo, que se escreve da direita para a esquerda. Ela aprende, e isso se desenvolve no campo da orientação. O conteúdo da educação física é, na sua essência, um trabalho de consciência do corpo, de grande contribuição no processo de alfabetização. A educação física, as artes visuais, o teatro, são áreas que fomentam o processo de cooperatividade, que fortalecem a capacidade das crianças de se expor e se apresentar, potencializam a autonomia. Tudo isso é potente para a criança que está aprendendo a ler e escrever. Retirar essas áreas é tirar a velocidade dos avanços dessas crianças".
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que a mudança beneficiará os estudantes, que terão dois pedagogos com uma carga maior, o que traz "maior facilidade de interação e integração com esses alunos".
A Smed destacou ainda que a readequação foi pensada para otimizar os recursos humanos que "geram eficiência e valorizam os profissionais da educação, sem trazer qualquer prejuízo para os alunos ou professores".
Para a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o secretário municipal da Educação, Marcelo Oliveira, e sua equipe "cometem um erro sem precedentes tanto em termos curriculares como formacionais".