Prefeitura suspende aulas e fala em medidas de segurança após mortes em Heliópolis (BA)

A prefeitura de Heliópolis (332 km de Salvador) suspendeu as aulas da rede municipal de ensino por tempo indeterminado e só deve retomar as atividades após a adoção de novas medidas de segurança.

A decisão foi anunciada neste domingo (20), dois dias após um estudante de 14 anos matar três colegas de 15 anos e se suicidar dentro da sala de aula do Colégio Municipal Dom Pedro 1º, no povoado de Serra dos Correias.

"Neste momento de dor e consternação, estamos em diálogo com a Secretaria de Educação do Estado e o Ministério da Educação para implementar medidas que assegurem um retorno às aulas em um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os alunos e servidores", informou a prefeitura.

As atividades escolares serão retomadas "assim que as medidas de segurança forem efetivadas", informou a prefeitura, que ainda não adiantou quais mudanças estão sendo avaliadas.

Dados do Censo Escolar apontam que a cidade de Heliópolis possui 14 escolas municipais, onde estudam cerca de 2.900 alunos. A cidade possui 12,3 mil habitantes.

A Secretaria Estadual de Educação informou que está em articulação com o Ministério da Educação e a prefeitura de Heliópolis. Desde sexta-feira (18), uma equipe formada por sete profissionais das áreas de Psicologia e Serviço Social atua junto às famílias e comunidade. O atendimento no município vai permanecer até que seja necessário.

O Ministério da Educação disponibilizou uma equipe especializada em desastres, que lida com situações traumáticas e violentas em espaços escolares. Os profissionais também são especializados em reconstituição de laços com a comunidade e a escola.

O Ministério Público do Estado da Bahia também enviou uma equipe multidisciplinar para apoiar as famílias das vítimas e os demais estudantes.

O promotor Alisson Andrade afirma que a situação é complexa e exige medidas integradas: "Estamos falando de uma localidade pequena, em um município com 12 mil habitantes. Foi um evento que impactou a todos na cidade", afirma.

A Promotoria vai fazer uma recomendação para que a prefeitura crie um plano de ação preventiva, com a formação de equipes multidisciplinares na Secretaria Municipal de Educação. Também vai recomendar que as escolas ofereçam a disciplina "Educação Digital".

As investigações sobre o atentado são conduzidas pela Polícia Civil da Bahia e estão em sigilo. Em depoimento no sábado (19), o pai do adolescente disse não saber como o filho teve acesso ao revólver calibre 38 usado no crime.

"Ainda é muito prematuro precisar quem era o proprietário [da arma]", afirmou o delegado Thiago Alves Cunha, titular da Delegacia de Heliópolis,

O revólver foi recolhido pelo Departamento de Polícia Técnica durante perícia no local do crime. Segundo o delegado, além da arma, munição e aparelhos eletrônicos que também foram apreendidos e estão sendo periciados.

Segundo a Polícia Civil, os alunos assistiam a uma aula, quando Samuel Santana Andrade, 14, levantou da cadeira, atirou contra os colegas Adriane Vitória Silva Ferreira, Fernanda Souza Gama e Jonatan Gama Santos. Em seguida, ele tirou a própria vida. Além da professora, nove alunos estavam na sala.
 

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