Presidente da Associação dos peritos explica processo de análise do vídeo de Bolsonaro e ministros
Marcos Camargo disse ainda que o prazo para a entrega da perícia pode variar a depender da qualidade do vídeo
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Em entrevista ao canal CNN, Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), explicou como será feito o exame pericial do vídeo da reunião ministerial, em que, de acordo com o ex-ministro Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir de forma indevida nas atividades da Polícia Federal.
Nesta terça-feira (12), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a realizar uma perícia no vídeo.
De acordo com Marcos Camargo, a primeira etapa é a preservação do conteúdo. Os peritos fazem uma cópia autenticada do vídeo, com o intuito de preservar o material original. Toda a análise do conteúdo é feita através da cópia. Após isso, os peritos fazem a transcrição dos dados (cenário, movimentos das pessoas, diálogos, etc).
“O registro de tudo que está no vídeo é importante porque vai materializar o conteúdo. Os peritos identificam elementos que podem passar despercebido pelos leigos”, disse.
A outra etapa é a verificação da edição. Os peritos identificam se houve alguma alteração no conteúdo do vídeo, e se esta edição foi intencional ou não. “Os peritos avaliam se houve a edição e se esta interfere no contexto”, explica Marcos Camargo.
Marcos Camargo disse ainda que o prazo para a entrega da perícia pode variar a depender da qualidade do vídeo. “Tempo é relativo para as questões periciais, o prazo geralmente é 30 vezes a duração do vídeo. Mas podemos dizer que o material poderá ser entregue em 10 dias”, garantiu.
O presidente dos peritos afirmou que o trabalho dos peritos tem como balizador a ciência e a isenção. “O objetivo do trabalho é materializar os diálogos e cenas para que o ministro, que solicitou a perícia, entenda o que está sendo discutido dentro do contexto. É um auxílio técnico em que ele vai avaliar quem está com a razão dentro da guerra das narrativas”, disse Camargo.
Questionado sobre o posicionamento do presidente Bolsonaro em que garante que não falou durante a reunião sobre a Polícia Federal, Marcos Camargo afirmou que se foi dito ou não, a perícia vai mostrar.