Presidente da Federação Brasileira de Bancos diz que governo "parece gostar de inflação"
Para Isaac Sidney, elevação de impostos acerta mais o consumidor do que os bancos
Foto: Marcos Kulenkampff/Febraban
O presidente da Federação Brasileira de Bancos, Isaac Sidney, em entrevista ao Estadão, disse que o presidente Jair Bolsonaro "parece gostar de inflação". Isaac comentou a respeito do aumento da tributação para os bancos e como isso encarece, ainda mais, o crédito bancário.
Sidney chamou de "intrigante" o fato de, apesar de haver setores mais lucrativos, os bancos estarem sendo penalizados com o aumento da carga tributária. " Fomos o 16º setor mais rentável em 2020, ou seja, 15 outros ficaram à frente no quesito rentabilidade, mas só os bancos estão pagando a conta", disse.
O presidente da Febraban chama atenção para o fato de que a medida, apesar de pesar para os bancos, acerta ainda mais o consumidor, já que torna mais cara linhas importantes no processo de recuperação econômica, como financiamento imobiliário e de veículo e crédito consignado. Segundo Isaac, a inflação rodando a 12% ao ano e as consequências disso é algo que a sociedade "não aceita mais".
"Aumento de impostos pressiona ainda mais a estrutura de custos das famílias e das empresas, retroalimentando o processo inflacionário. Isso é básico [...] Além de mostrar insensibilidade com as pessoas e as empresas, particularmente as micro e pequenas, que mais precisam de crédito, aumentar imposto não ajuda nada o BC (Banco Central), que já estava sozinho mesmo, no dificílimo desafio de mitigar os efeitos já fortemente sentidos da inflação de dois dígitos", afirma Isaac.
Sidney diz que, para promover a recuperação econômica e evitar impactos negativos no custo do crédito, é necessário insistir na aprovação de agendas de reformas estruturais que tramitam no Congresso.