Primeira escolha de Trump para procurador-geral pagou valor milionário a mulheres por sexo, diz relatório
Comitê de Ética da Câmara concluiu que Gaetz violou leis estaduais da Flórida, incluindo a lei de estupro estatutária do estado
Foto: Reprodução/X (@mattgaetz)
O ex-deputado Matt Gaetz, primeira escolha do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump para procurador-geral, pagou dezenas de milhares de dólares a mulheres por sexo ou drogas em pelo menos 20 ocasiões, de acordo com um relatório do painel do Comitê de Ética da Câmara divulgado nesta segunda-feira (23). Em uma dessas situações, uma delas teria 17 anos.
O comitê concluiu que Gaetz violou leis estaduais da Flórida, incluindo a lei de estupro estatutária do estado.
“O Comitê determinou que há evidências substanciais de que o representante Gaetz violou as regras da Câmara e outros padrões de conduta que proíbem prostituição, estupro estatutário, uso de drogas ilícitas, presentes inadmissíveis, favores ou privilégios especiais e obstrução do Congresso”, escreveram os investigadores do painel.
Foram investigadas transações que ele fez pessoalmente, geralmente usando PayPal ou Venmo, para mais de uma dúzia de mulheres durante seu período no Congresso, de acordo com o relatório.
Os investigadores também se concentraram em uma viagem de 2018 às Bahamas – que eles disseram ter “violado a regra de presentes da Câmara” – durante a qual ele “se envolveu em atividade sexual” com várias mulheres, incluindo uma que descreveu a viagem em si como “o pagamento” por sexo na viagem.
Na mesma viagem, ele também tomou ecstasy, segundo disse uma mulher da viagem ao comitê.
Embora o comitê aponte que Gaetz violou as leis estaduais, o painel escreveu que não considerou que ele violou leis federais de tráfico sexual, escrevendo que mesmo que “tenha causado o transporte de mulheres através das fronteiras estaduais para fins de sexo comercial, o Comitê não encontrou evidências de que qualquer uma dessas mulheres tinha menos de 18 anos no momento da viagem, nem encontrou evidências suficientes para concluir que os atos sexuais comerciais foram induzidos por força, fraude ou coerção”.
Indicação de Trump
Gaetz foi indicado por Donald Trump para procurador-geral de seu próximo governo, mas desistiu em meio à oposição de senadores republicanos e depois de virem à tona detalhes importantes deste mesmo relatório.
Gaetz assumiria a principal agência de aplicação da lei do país – a mesma que conduziu uma investigação de crimes sexuais de anos sobre o deputado. O Departamento de Justiça decidiu no ano passado não prosseguir com as acusações criminais contra Gaetz.
O comitê bipartidário disse, porém, em uma rara declaração em junho, que algumas das alegações contra Gaetz “merecem revisão contínua”.
Essas alegações, afirmou o comitê na época, incluíam que Gaetz pode ter “se envolvido em má conduta sexual e uso ilícito de drogas, aceitado presentes impróprios, concedido privilégios e favores especiais a indivíduos com quem tinha um relacionamento pessoal e tentado obstruir investigações governamentais sobre sua conduta”.
Em uma declaração no X na semana passada, Gaetz negou ter feito sexo com um menor ou pago mulheres por sexo. “Nos meus dias de solteiro, eu costumava enviar fundos para mulheres com quem namorei — até mesmo algumas com quem nunca namorei, mas que pediram. Namorei várias dessas mulheres por anos”, pontuou o ex-deputado.
“É constrangedor, embora não criminoso, que eu provavelmente festejei, fui mulherengo, bebi e fumei mais do que deveria no início da vida. Vivo uma vida diferente agora”, concluiu.