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Prisão de chefe do PCC provoca onda de violência na fronteira do Brasil com o Paraguai

Giovanni Barbosa da Silva foi extraditado e está preso em território brasileiro

Por Da Redação
Ás

Prisão de chefe do PCC provoca onda de violência na fronteira do Brasil com o Paraguai

Foto: Divulgação

A prisão de Giovanni Barbosa da Silva, de 29 anos, considerado líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), provocou uma onda de violência na fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. O líder da facção criminosa foi detido por policiais paraguaios no dia 9 de janeiro. Giovanni, conhecido como “Bonitão” ou “Koringa”, era o chefe máximo do PCC na divisa entre os dois países, um ponto estratégico situado no principal corredor para entrada ilegal de drogas e armas no país. 

No momento da prisão, Giovanni estava com um fuzil AM-15 com número de série borrado. A ação contou com suporte da Polícia Federal, que auxiliou com informações que permitiram determinar a localização do criminoso. “Ele não circulava no Brasil porque havia um mandado de prisão, mas lá ele estava solto e tranquilo. Ele estava tentando se estabelecer aqui (em Ponta Porã) depois da prisão do Minotauro (o traficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, preso em fevereiro de 2019). Você prende um e outro chega se impondo pela força”, disse o secretário de Justiça e Segurança Pública em exercício no Mato Grosso do Sul, coronel Ary Carlos Barbosa.

Após a prisão,  houve uma tentativa de resgate na delegacia, a morte de oito integrantes da organização criminosa e o assassinato de um policial do país vizinho. O criminoso ficou, primeiramente, custodiado no Departamento de Investigações da Polícia do Paraguai, em Pedro Juan Caballero, cuja sede foi atacada na madrugada do dia 10 de janeiro em uma tentativa frustrada de livrá-lo.  

De acordo com as autoridades paraguaias, o prédio foi cercado por cerca de 40 homens armados e houve intensa troca de tiros. Um policial chegou a ser feito refém, mas acabou libertado. Logo depois, o  traficante foi extraditado e preso em território brasileiro. 

De acordo com a revista Época, Giovanni foi preso um dia após mandar fechar um cassino em Pedro Juan Cabellero, no lado paraguaio da fronteira. O estabelecimento pertenceria ao grupo comandado por Fahd Jamil, rival da organização criminosa paulista no domínio da região. No momento, Jamil é considerado foragido da Justiça brasileira.

Oito mortos

Um dia após a extradição, a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul localizou uma casa, em Ponta Porã, onde havia oito paraguaios suspeitos de integrar a quadrilha comandada por Giovanni. Na ocasião, a casa onde eles estavam foi vistoriada por um drone e os investigadores observaram que na residência havia três carros, sendo dois roubados e um blindado.

Os policiais invadiram a casa e, de acordo com o relato dos agentes, o confronto resultou em seis pessoas mortas na hora. Dois suspeitos ainda conseguiram fugir, mas foram encontrados horas depois e também morreram. Além das oito mortes, a operação policial resultou na apreensão de dois fuzis e cinco pistolas. 

Em nota publicada pelo governo estadual, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) elogiou a operação que resultou em oito mortos. “Temos mais de 1.500 quilômetros de fronteira e, em várias partes, é possível atravessar a pé. Infelizmente, no confronto de ontem, oito integrantes (da organização criminosa) morreram. Nosso desejo é que estivessem atrás das grades. Mas nossa prioridade é e sempre vai ser a de proteger o cidadão de bem”, afirmou.

As mortes e a tentativa de resgate aumentaram a tensão na fronteira. O secretário Ary Carlos Barbosa disse que foi preciso aumentar o efetivo policial em Ponta Porã com o envio de homens dos grupos de elite das polícias civil e militar.

“Havia preocupação de retaliação, um receio de haver qualquer ação contra as forças policiais. Então reforçamos o efetivo ainda mais, avisamos nossas bases operacionais, comunicamos a Polícia Rodoviária Federal, mandamos o helicóptero para fazer demonstração de força”, disse o secretário.

Guerra de facções

A divisa entre Brasil e Paraguai é palco de uma guerra entre facções criminosas que disputam o controle da logística do tráfico de armas e drogas na região. Segundo as investigações, Giovanni assumiu o posto que fora do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, que comandou a região até ser preso em fevereiro de 2019.

Depois de Minotauro, a liderança na fronteira passou para Edson Barbosa Salinas, de 32 anos, conhecido como “Salinas Riguaçu”. Mas ele foi preso em fevereiro do ano passado. Os investigadores tomaram conhecimento da presença de Giovanni na fronteira em abril do ano passado, quando começaram as investigações que resultaram na Operação Exílio, deflagrada pela Polícia Federal em junho de 2020.
 

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