Prisão em 2ª instância: para especialista, STF não deve atender ‘anseio popular’
Supremo começou a julgar nesta quinta-feira (17) prisão após condenação em segunda instância
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O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta quinta-feira (17) três ações que devem definir o posicionamento da Corte sobre a prisão após condenação em segunda instância. Será definido pelos ministros se o condenado em segunda instância deve ser preso ou se a detenção só deve ocorrer quando foram esgotados todos os recursos possíveis.
O plenário vai analisar o chamado efeito "erga omnes", que faz com que o entendimento passe a valer para todas as instâncias do Judiciário e seja vinculante, de cumprimento obrigatório. Os pedidos foram feitos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do PCdoB e do Patriota.
Advogado especializado em Direito Público, Pedro Sales explica que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deve se pautar pela vontade popular na decisão que pode tomar hoje.
"O julgamento tende a acontecer pautado pela opinião popular, pelos anseios de punitivismo e mais velocidade nos julgamentos. O Tribunal Constitucional, porém, existe para proteger as normas. O tribunal tem que ignorar a opinião pública, pois ele é uma entidade que protege as minorias das vontades das maiorias. Para atender esse público, existe o Legislativo. O Judiciário não é composto de pessoas eleitas pelo povo, portanto, não pauta se pelos anseios do povo”, lembrou.
Para Sales, o dispositivo jurídico é claro ao defender a prisão ao fim do trânsito em julgado. “A grande discussão começa por conta do princípio da presunção de inocência. A ideia era permitir que a pessoa só cumprisse pena após o fim do processo, evitando ser vítima de erros judiciais. O dispositivo é claro, transparente. A decisão que o STF está sendo chamado a dar é se rasga ou não a Constituição”, asseverou.