Projeções sobre dívida pública do Brasil tem chance de nova queda
Alívio, porém, não reverte a tendência de elevação
Foto: Reprodução/Agência Brasil
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado diversos efeitos diretamente e indiretamente na economia e um deles é a revisão de projeções sobre a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. As informações são da CNN Brasil Business.
O mercado aposta em uma alta da dívida em relação ao nível de 2021, de 80,29%, mas revisões já começaram a ser feitas. Uma delas da XP, que projeta uma queda na dívida. No entanto, esse alívio, para os especialistas ouvidos, não reverte a tendência de elevação.
Para 2022, a projeção era que a relação dívida/PIB ficasse em torno de 83,7%. A situação da taxa de juros não mudou, com a Selic começando o ano em 10,75% e devendo encerrar no mínimo 12,75%.
“O que mudou é que, com a guerra e valorização de commodities, a arrecadação tende a subir, e o PIB nominal, que é o denominador da equação, também subiu muito, e isso é mais que suficiente para compensar a elevação da taxa de juros”, diz o economista da XP, Tiago Sbardelotto.
Já para a economista da Tendência Consultoria e pesquisadora associada do FGV IBRE, Juliana Damasceno, ainda não há uma aposta em queda da relação dívida/PIB, mas um crescimento menor que o previsto antes do conflito entre os países.
A expectativa da consultoria é de que a relação fique na casa dos 81%, no máximo 82%. Para ela, as causas são “motores conjunturais”, assim como em 2021, devido à alta inflação.
“Achávamos que motores de preços de commodities, câmbio e inflação fossem ser mais fracos neste ano. Mas commodities e inflação continuam em cena, não perderam tração. Não são coisas a se comemorar mesmo que tragam algum benefício”, avalia.
A projeção atual da Tendências é de uma relação dívida/PIB em 82,2% em 2022, ante 82,9% antes da guerra. Para 2023, a previsão é de 84,1%.
“Para 2023, a expectativa é de freio no preço das commodities, o que ajuda menos na inflação e a receita começa a mostrar o que de fato tem de estrutural. O crescimento também não deve ser tão grande, então projetamos uma expansão da dívida maior que nesse ano”, diz.